terça-feira, setembro 25, 2007

899.ª etapa


FELICIDADES ANDRÉ!...
OBRIGADO, ANGEL!...

Duas notícias que vieram a público nos últimos dias e que eu ainda não tivera oportunidade de comentar.

A primeira diz-nos que o jovem André Cardoso, que este ano se sagrou Rei da Montanha na Volta a Portugal com as cores da Fercase-Rota dos Móveis, assinou um compromisso válido por um ano com a madridista Relax-GAM.

É uma equipa ao nível das equipas médias em Portugal, mas tem por si esse "pequeno pormenor" de... um calendário bem mais abrangente e exigente. Onde o André terá oportunidade de medir qualidades - que não lhe faltam - num pelotão qualitativamente melhor.
É uma oportunidade. E fez bem o André em aproveitá-la.

Recordo agora, porque é o momento certo, uma notícia que assinei há dois anos, quando me encontrava em Espanha a cobrir mais uma edição da Vuelta. Encontrava-me na pequena mas airosa cidade de San Ildefonso de la Granja, a meio caminho entre Segóvia - a cidade natal de Perico Delgado - e o alto de Navacerrada, não muito longe de Madrid.

Em San Idelfonso de la Granja foi fundada, no século XVIII a Real Fabrica de Cristales, mais ou menos ao mesmo tempo que a Real Fábrica de Vidro era fundada na Marinha Grande pelo Marquês de Pombal, pelo que as duas cidades estão geminadas.
Mas não é de história que pretendo falar aqui - só que não me esqueci do resto por causa deste pormenor.

Depois de termos almoçado, um conhecido representante de Corredores, espanhóis, mas também portugueses, revelou que tinha quase tudo acertado para a transferência - curiosamente, para a então Fuenlabrada-Relax (a mesma equipa) - de duas jovens promessas lusas: o Bruno Neves, então na Madeinox, e o Sérgio Ribeiro, que na altura escolheu ficar na Barbot-Halcon. Havia um terceiro nome no ar, e com esse, nesse dia em que falámos, parecia tudo acertado. Era Hugo Sabido, que acabou por ir para a britânica Barloworld. Quer dizer, quando falámos havia uma quase certeza e duas grandes hipóteses. Nenhuma se confirmou.

(Pena, não foi Sérgio?...)

Agora, dois anos depois, o André Cardoso aparece a assinar pela mesma equipa dos subúrbios de Madrid. O grande segredo para se vingar é o de acreditarmos em nós próprios. E o segredo do êxito, o de sabermos aproveitar as oportunidades que nos são oferecidas.
Felicidades André.

OBRIGADO ANGEL!...

Entretanto, Angel Edo põe fim a uma carreira que ficará sempre ligada ao nosso país. Não foi fácil a sua vida de sprinter numa equipa - a Kelme - que, em 25 elementos, tinha 20 trepadores. Por isso, e depois de ter vindo a Portugal correr um Grande Prémio Mitsubishi, tendo ganho uma (ou duas?) etapas... no ano seguinte Manuel Zeferino foi buscá-lo.

E foi ele o grande dominador, entre nós, das chegadas em grupo durante um bom punhado de anos.

Catalão, não foi sem algum espanto que os jornalistas com presença mais assídua nas corridas notaram - e isso foi escrito - a preocupação de Angel Edo em falar o mais depressa possível a nossa língua. O que, de facto aconteceu.

Foi um extraordinário corredor. Chegada em grupo, e, ainda se por cima acontecesse ligeiramente a subir... era do Edo!

Lembro-me especialmente de uma, num Grande Prémio Rota do Marquês, em Pombal, junto à Escola Secundária. Embalava-se na "descida" do rebaixamento da avenida para passar sob a linha dos caminhos de ferro, seguia-se mais cerca de 600 metros em plano mas depois... a surpresa: uma curva à direita e uma subidinha de deixar o mais desprevenido de língua de fora. Ganhou o Angel Edo, claro.
E foi sempre um corredor de equipa, pelo menos na Maia.

Terminavam as etapas - estou a falar da Vuelta, por exemplo - propícia aos sprinters e ele convertia-se em mais um operário, no lote de operários de luxo que a formação maiata tinha na altura.
E sempre disponível para os jornalistas.
Mesmo quando não ganhava. Nunca o vi mal disposto.

O emagrecimento do orçamento da equipa da Maia, há dois/três anos, levou-o de volta a Espanha, mas acabou por terminar a carreira em Portugal, com as cores do Vitória-ASC.
No meio tempo, juntamente com mais dois sócios, criou uma empresa de representação de Corredores - que conta, na sua agenda, por exemplo, com o alentejano Bruno Pires - e é a isso que se vai dedicar de ora em diante.

Despede-se das estradas no próximo dia 7 de Outubro.

Pelo que fez em Portugal, merecia que não nos esquecessemos dele.
Por mim, Angel... Obrigado.

Por teres sido um Corredor exemplar.
Por nunca teres deixado de ser um Homem simples. E, já agora... pela tua preocupação em, tão rapidamente, teres investido na aprendizagem da nossa língua, o que foi uma pura demonstração de respeito para com quem te tinha dado a mão e... uma oportunidade de mostrares o quão grande eras. És. Serás sempre.

Obrigado, Angel Edo.

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