sexta-feira, agosto 15, 2008

II - Etapa 196

VOLTA A PORTUGAL/2008.2

Parece estranho, à segunda etapa da Volta escrever que tivemos uma característica jornada de transição. Mas é um facto. Amanhã já temos a Torre.

Não tive oportunidade de analisar - melhor, de fazer esse exercício, aqui - o percurso, mas concordo com o Joaquim Gomes. É muito bom.

Ao contrário do que aconteceu ontem - mais pelo habitual nervosismo do que exactamente por causa do vento (e acho curioso que, ao fim de 70 edições da prova, só porque o ano passado o Orlando Rodrigues ensaiou um abanico, este ano já toda a gente acrescentava isso aos seus prognósticos!...) -, mas recuperando a ideia, ao contrário do que aconteceu ontem, hoje o dia foi bem mais calmo, sem incidentes dignos de registo e com um final que não fugiu um milímetro aquilo que todos esperavam.

O drama é que amanhã já vem aí a Torre e vamos lá ver como o Napolitano a passa, e como ficará, mais ou menos roto, mas se tudo correr normalmente, nas próximas, e ainda haverá, pelo menos duas, chegadas com as características das duas primeiras, fica fácil de fazer a previsão. Será algo do género... "partem todos so mesmo tempo e no fim ganha o... Napolitano!".

É, claramente o mais forte finalizador neste pelotão e com o suporte de uma equipa que não traz qualquer outro objectivo que não seja o de... levá-lo às vitórias, sempre que o perfil da etapa o proporcionar.

E pronto, ao fim de três dias de corrida o Benfica mantém a camisola amarela - o que já não acontecia há séculos - é que em 1999, o outro Plaza, o David, só a envergou mesmo na última etapa, conquistada que foi na crono que antecedia a tirada final.

Não vou fazer previsões em relação às etapas que se seguem, limitando-me a escrever sobre as que se vão realizando, por isso não vou arriscar favoritos para amanhã, antes destacar um homem que é bem o símbolo do querer, da força de vontade, da preseverância, um homem que teve de ultrapassar diversas barreiras para poder, no dia de hoje, merercer um destaque.

Falo do Joaquim Gregório. Homem simples, que corre "quase de graça" - foi ele que o disse - na equipa mais modesta do pelotão nacional, o Centro de Ciclismo de Loulé, a única que não conseguiu um patrocínio para acrescentar ao nome do clube.

(A espanhola Extremadura-Ciclismo Solidário está na mesma situação e, recordo, é financiada pelos prémios que conseguir arrecadar e por uma fatia dos ordenados dos seus corredores. A única maneira que encontrou para continuar no pelotão. Também eles merecem um aplauso de pé. Pena que hoje tenham perdido a liderança na montanha. Por nada... só porque simpatizo com os pequeninos, por quem paga para correr.)

Então aqui fica a minha singela homenagem ao Centro de Ciclismo de Loulé e ao Joaquim Gregório.

(Foto descaradamente gamada do sítio SuperCiclismo,
Obrigado Maria João por me permitires estas roubalheiras...)

2 comentários:

Marina Albino disse...

"Falo do Joaquim Gregório. Homem simples, que corre "quase de graça" - foi ele que o disse - na equipa mais modesta do pelotão nacional, o Centro de Ciclismo de Loulé, a única que não conseguiu um patrocínio para acrescentar ao nome do clube. "
A propósito do que aqui escreveu era importante reflectir-se que mais de metade do pelotão nacional corre quase de graça.
È um bom tema para se debater um destes dias.
Os salários, as condições contratuais e os atropelos às leis laborais.
È assunto que ninguém fala, até porque se se falar em tal assunto, arrisca-se a não renovar contrato ou encontrar outra equipa.
Aliás, alguns contratos só servem mesmo para a FPC ou UCI verem e registarem, pois na prática, sujeitam-se às condições que o manager da equipa impõe.
Diria mesmo que alguns ciclistas se estivessem empregados nos serviços de recolha do lixo ganhariam mais, todavia são movidos pelo sonho de alcançar os salários de 3 ou 4 ciclistas nacionais.

mzmadeira disse...

É um facto Marina!
Calado por todos, mas nem por isso deixa de ser verdade.

E um assunto para discutirmos na nossa "tertúlia"...