segunda-feira, agosto 25, 2008

II - Etapa 218

COM A VOSSA LICENÇA...
NÃO SE ESQUECERAM DE NINGUÉM?

Esperei - e uma minoria há-de saber porquê - pelas três da manhã para voltar aqui. Não foi decisão fácil. Amanhã - mais logo, quero dizer - regresso ao trabalho depois de uma semanita de descanso.

Não posso, primeiro porque poderia estar a pôr o carro à frente dos bois, depois porque... simplesmente não posso, abordar ainda a histórica vitória do Clube de Ciclismo de Tavira na Volta a Portugal.

Ao fim de - e aqui está a prova de que falta, ainda, realmente, escrever a História do Ciclismo em Portugal, isto porque as informações não batem certo -, ao fim de, segundo o eng.º Macário Correia, presidente da CM Tavira (e da mesa da AG da FPC), 75 anos desde a hipotética estreia, em 1933, da primeira (qual?) equipa de ciclismo de Tavira na Volta, isto quando o livro "História da Volta" do meu caríssimo amigo Guita Júnior, nos dá como primeira presença na Volta do Ginásio Clube de Tavira em 1947... bem, ao fim deste tempo todo (75 ou 51 anos?), a mais antiga equipa profissional de Ciclismo do Mundo venceu a Volta a Portugal. Isso é que interessa.

Parabéns a eles todos, como já tive oportunidade de deixar escrito.
Entretanto, e alguns perceberão porquê, esperei até agora para escrever... qualquer coisa.
E escrevo, por exemplo, que o o Campeão Nacional de Contra-relógio, em título, é o Sérgio Paulinho.

Mas, sobretudo - e perdõem-me a imodéstia -, não sei se eu ontem não tivesse recordado o engenheiro Brito da Mana, hoje alguém o teria recordado.
Ok... recordavam, com certeza.

Para rir já chega aquilo que li num jornal, referindo-se ao presidente do CC Tavira como o Poulidor português quando foi o seu tio, por acaso com o mesmo nome, quem foi várias vezes segundo na Volta.

O Jorge Humberto Corvo, presidente do CC Tavira foi Corredor, mas pouco tempo e sem muito jeito, diga-se em abono da verdade.
Mas eu só esperei por esta hora, e só aqui estou para tentar reparar uma injustiça enorme.

Sejam lá quais forem as razões que levaram à separação (e, aparentemente, ao esquecimento), ninguém de boa fé em Tavira poderá esquecer, nesta hora de extrema alegria, um nome que nem sequer foi soprado...

Já com o engenheiro Brito da Mana extremamente condicionado, devido aos seus problemas de saúde, o Clube de Ciclismo de Tavira conseguiu sobreviver, bem medidas as coisas, durante uma década inteira - quando nem o Jorge Humberto Corvo, nem o Paulo Faleiro, nem nenhum dos actuais dirigentes, agora bem almofadados nos dinheiros dos espanhóis, primeiro da DUJA, agora da Palmeiras Resort - graças à entrega total de um homem que deveria estar a comemorar este grandioso feito...

Claro que me refiro ao José Marques.
Ele foi tudo.
Director, técnico, massagista, mecânico... ano após ano, em prejuizo da sua própria vida familiar, ele andou a bater de porta em porta, humilhando-se, pedindo quase por favor, oferecendo o seu nome como garantia, para que o CC Tavira não acabasse.

Um grande e estreito e sentido abraço ao Jorge Humberto Corvo e ao Paulo Faleiro... mas desde 1991 que eu sigo, bem de perto, a realidade do CC Tavira.

A saída do Bom Petisco, o surgimento da Progecer - uma maningância montada com a FPC a fechar os olhos porque a empresa não era mais do que a Recer que, pelos regulamentos, não poderia apoiar mais do que uma equipa, mas que inventou a Progecer para manter o Tavira na estrada...

Depois, e sempre através de conhecimentos pessoais, de verdadeiros amigos, o Tavira não morreu porque alguém - foi o Teixeira Correia - ajudou a convencer os responsáveis pela Adega Cooperativa do Redondo a patrocinarem a equipa.

No ano seguinte, e quando, mais uma vez, a equipa não ia poder sair... chegou a ser inscrita como amadora! - lá conseguiu o Zé Marques o apoio da Würth...

Não me interpretem mal.
O Jorge Humberto Corvo e os seus pares nesta direcção do clube têm todo o direito ao destaque que lhes queiram dar. E eu também lho dou.

Não tenho é a memória tão curta como a maioria.

Não fosse e entrega total, durante mais de uma década, do Zé Marques, e hoje não teríamos CC Tavira a festejar a sua primeira vitória na Volta a Portugal.

Adivinho alguns dias de festa, lá por baixo, pela cidade do Gilão.
Pergunto-me... vão lembrar-se do Zé Marques?
Eu lembro-me.

E deixo aqui escrito que esta vitória - apesar de ter sido afastado e de agora dever lealdade a outra equipa - também se deve a ele, José Marques.

Um abraço, amigo.

1 comentário:

Joana disse...

Bem lembrado, sim senhor!

Esta vitória é também do José Marques!
Depois dos graves problemas de saúde que o José Marques teve de superar este ano, que grande prenda! Mas ele não precisa ser lembrado, quando as pessoas fazem tudo por gosto, não há palavras que expressem a sua satisfação pessoal!

Os meus parabens também para si Manuel Madeira. Porque Você não se esquece dos Grandes Homens do nosso ciclismo!