BENFICA DÁ IMPORTANTE PASSO EM FRENTE
Confirmaram-se as notícias que, desde há alguns dias, davam Cândido Barbosa como reforço para o Benfica, em 2008. Ao mesmo tempo, os encarnados juntam à equipa Ruben Plaza, um espanhol que conhecemos, primeiro, por ter ganho, em 2005, o Grande Prémio da Costa Azul, depois de ter vencido a segunda etapa que gerou, então, bastante polémica.
Queixaram-se diversos directores desportivos de falta de informação em relação à vantagem que este Valenciano (de Alcoi) – que, como curiosidade, só festeja o aniversário… de quatro em quatro anos; pois… nasceu a 29 de Fevereiro no ano de 1980 – de 27 anos de idade, traria, na etapa que terminou no Seixal. A verdade é que os minutos que conquistou foram suficientes para gerir a corrida e sagrar-se vencedor final, em Santiago do Cacém.
Mas a imagem mais viva que dele guardo respeita à 20.ª etapa da Vuelta, nesse mesmo ano quando, no último crono da prova – que ligou Guadalajara a Alcalá de Henares (a cidade natal de Miguel Cervantes, um dos maiores nomes da literatura hispânica, autor do Don Quijote de La Mancha) – gastou 41.31 minutos para percorrer os 38,9 quilómetros à média estonteante de… 56,218 km/hora. Mas ainda havia uma outra surpresa guardada, nesse dia 17 de Setembro. O segundo classificado no crono foi… Roberto Heras com… o mesmo tempo. Heras ganhou no dia seguinte a sua quarta Vuelta que depois perdeu na secretaria devido a ter acusado EPO na etapa que terminara no alto de Pajares, sensivelmente uma semana antes. A mais épica etapa a que eu já assisti.
Mas é claro que Plaza não tem nada a ver com esta parte final da história e, mantendo-me fiel (sê-lo-ei sempre) às minhas convicções, recuso liminarmente conexões mais perniciosas. Ruben Plaza foi corredor da Comunitat Valenciana, o médico que trabalhava com a formação de Vicente Belda era Eufimiano Fuentes e, é mais do que evidente que o seu nome – como o de todos os outros que integravam aquela formação – contará, inevitavelmente, de listas encontradas na posse do médico. Não! Por aí não vou.
O que é certo é que o Benfica, para o ano, terá nas suas fileiras um contra-relogista de topo. À priori… e para já, o mais forte na prova contra o relógio que integrará equipas portuguesas. Claro que é bom… Ainda por cima, Rubén Plaza passa bem a média montanha – em Portugal não temos outra, apesar do estatuto da Torre – e um excelente rolador, como provou no tal Grande Prémio da Costa Azul, há dois anos.
E depois temos o Cândido Barbosa. Campeão nacional de contra-relógio, campeão nacional – em título – de fundo, o Corredor português mais completo e… um ídolo do povo.
Parece-me um casamento perfeito.
Ok… Orlando Rodrigues passa a ter três homens capazes de ganhar a Volta. É um problema? Claro que não. Não ter ninguém é que seria um problema.
Mas não vou desdizer-me.
Vai ser precisa uma gestão meticulosa do plantel. Principalmente na Volta. Terá o Zé Azevedo renunciado ao seu principal objectivo e que o levou a voltar a Portugal? Não creio.
Então… se o objectivo do Cândido é exactamente o mesmo… como gerir isso?
O Manel Zeferino, em 2002, por exemplo, partiu com o Fabian Jeker como candidato principal, viu o Joan Horrach chegar à camisola amarela na etapa da Senhora da Graça e ganhou a Volta com Claus Möller, no último dia, no crono final, em Sintra. Mau, mau… é não ter ninguém para ganhar a Volta!
E o Benfica – principalmente a JLSports/PAD – numa jogada de mestre sairá para a próxima edição da Volta com os dois Corredores que o público português mais admira… isto quando os principais adversários terão de apresentar como candidatos… corredores estrangeiros. Não que sejamos xenófobos, mas adivinha-se o que vai acontecer.
O Cândido é um rapaz com uma personalidade bem vincada, mas o Orlando conhece-o bastante bem. Foram companheiros na Banesto e depois na LA-Pecol. Provavelmente, mais ninguém o conhecerá tão bem. De certeza que saberá potenciar as suas qualidades. Não esquecendo o compromisso que haverá com o Zé Azevedo. E pode acontecer que o Zé tenha chegado à conclusão que já não voltou a tempo para juntar a Volta ao seu palmarés.
Conhecendo-o, como julgo que conheço, terá sido o primeiro a dar o aval à contratação do Cândido.
Entretanto, e sem falsas modéstias, começa a esboçar-se aquilo que há alguns meses eu aqui defendi, em relação à necessidade da total reestruturação do Ciclismo português.
Criando duas ou três equipas fortes, com os melhores corredores, equipas que se inscrevam como Continentais Profissionais e representem o nome de Portugal além fronteiras.
É mau para as equipas pequenas?
Não o será se essa reestruturação for levada a cabo. Até ao fim e sem receios.
A Liberty Seguros já contratou um homem – Isidro Nozal – que andou duas semanas de amarelo na Vuelta. O Benfica junta na mesma equipa os dois melhores Corredores portugueses da última década…
Confirmaram-se as notícias que, desde há alguns dias, davam Cândido Barbosa como reforço para o Benfica, em 2008. Ao mesmo tempo, os encarnados juntam à equipa Ruben Plaza, um espanhol que conhecemos, primeiro, por ter ganho, em 2005, o Grande Prémio da Costa Azul, depois de ter vencido a segunda etapa que gerou, então, bastante polémica.
Queixaram-se diversos directores desportivos de falta de informação em relação à vantagem que este Valenciano (de Alcoi) – que, como curiosidade, só festeja o aniversário… de quatro em quatro anos; pois… nasceu a 29 de Fevereiro no ano de 1980 – de 27 anos de idade, traria, na etapa que terminou no Seixal. A verdade é que os minutos que conquistou foram suficientes para gerir a corrida e sagrar-se vencedor final, em Santiago do Cacém.
Mas a imagem mais viva que dele guardo respeita à 20.ª etapa da Vuelta, nesse mesmo ano quando, no último crono da prova – que ligou Guadalajara a Alcalá de Henares (a cidade natal de Miguel Cervantes, um dos maiores nomes da literatura hispânica, autor do Don Quijote de La Mancha) – gastou 41.31 minutos para percorrer os 38,9 quilómetros à média estonteante de… 56,218 km/hora. Mas ainda havia uma outra surpresa guardada, nesse dia 17 de Setembro. O segundo classificado no crono foi… Roberto Heras com… o mesmo tempo. Heras ganhou no dia seguinte a sua quarta Vuelta que depois perdeu na secretaria devido a ter acusado EPO na etapa que terminara no alto de Pajares, sensivelmente uma semana antes. A mais épica etapa a que eu já assisti.
Mas é claro que Plaza não tem nada a ver com esta parte final da história e, mantendo-me fiel (sê-lo-ei sempre) às minhas convicções, recuso liminarmente conexões mais perniciosas. Ruben Plaza foi corredor da Comunitat Valenciana, o médico que trabalhava com a formação de Vicente Belda era Eufimiano Fuentes e, é mais do que evidente que o seu nome – como o de todos os outros que integravam aquela formação – contará, inevitavelmente, de listas encontradas na posse do médico. Não! Por aí não vou.
O que é certo é que o Benfica, para o ano, terá nas suas fileiras um contra-relogista de topo. À priori… e para já, o mais forte na prova contra o relógio que integrará equipas portuguesas. Claro que é bom… Ainda por cima, Rubén Plaza passa bem a média montanha – em Portugal não temos outra, apesar do estatuto da Torre – e um excelente rolador, como provou no tal Grande Prémio da Costa Azul, há dois anos.
E depois temos o Cândido Barbosa. Campeão nacional de contra-relógio, campeão nacional – em título – de fundo, o Corredor português mais completo e… um ídolo do povo.
Parece-me um casamento perfeito.
Ok… Orlando Rodrigues passa a ter três homens capazes de ganhar a Volta. É um problema? Claro que não. Não ter ninguém é que seria um problema.
Mas não vou desdizer-me.
Vai ser precisa uma gestão meticulosa do plantel. Principalmente na Volta. Terá o Zé Azevedo renunciado ao seu principal objectivo e que o levou a voltar a Portugal? Não creio.
Então… se o objectivo do Cândido é exactamente o mesmo… como gerir isso?
O Manel Zeferino, em 2002, por exemplo, partiu com o Fabian Jeker como candidato principal, viu o Joan Horrach chegar à camisola amarela na etapa da Senhora da Graça e ganhou a Volta com Claus Möller, no último dia, no crono final, em Sintra. Mau, mau… é não ter ninguém para ganhar a Volta!
E o Benfica – principalmente a JLSports/PAD – numa jogada de mestre sairá para a próxima edição da Volta com os dois Corredores que o público português mais admira… isto quando os principais adversários terão de apresentar como candidatos… corredores estrangeiros. Não que sejamos xenófobos, mas adivinha-se o que vai acontecer.
O Cândido é um rapaz com uma personalidade bem vincada, mas o Orlando conhece-o bastante bem. Foram companheiros na Banesto e depois na LA-Pecol. Provavelmente, mais ninguém o conhecerá tão bem. De certeza que saberá potenciar as suas qualidades. Não esquecendo o compromisso que haverá com o Zé Azevedo. E pode acontecer que o Zé tenha chegado à conclusão que já não voltou a tempo para juntar a Volta ao seu palmarés.
Conhecendo-o, como julgo que conheço, terá sido o primeiro a dar o aval à contratação do Cândido.
Entretanto, e sem falsas modéstias, começa a esboçar-se aquilo que há alguns meses eu aqui defendi, em relação à necessidade da total reestruturação do Ciclismo português.
Criando duas ou três equipas fortes, com os melhores corredores, equipas que se inscrevam como Continentais Profissionais e representem o nome de Portugal além fronteiras.
É mau para as equipas pequenas?
Não o será se essa reestruturação for levada a cabo. Até ao fim e sem receios.
A Liberty Seguros já contratou um homem – Isidro Nozal – que andou duas semanas de amarelo na Vuelta. O Benfica junta na mesma equipa os dois melhores Corredores portugueses da última década…
Da Maia sabemos que faz parte dos seus planos inscrever-se também como Continental Profissional – o que não sei, ainda, se acontecerá com a Liberty, mas seria bom que acontecesse.
As outras equipas, reunidas num conjunto de formações mais homogéneo terão as corridas domésticas para fazer o seu calendário. E a Volta, claro.
O Ciclismo português não tem nada a perder. Antes pelo contrário.
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As outras equipas, reunidas num conjunto de formações mais homogéneo terão as corridas domésticas para fazer o seu calendário. E a Volta, claro.
O Ciclismo português não tem nada a perder. Antes pelo contrário.
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Entretanto, não sei se o meu amigo Joaquim Gomes vem aqui de quando em vez, mas outros virão e poderiam passar-lhe a sugestão.
Com especialistas como David Blanco, Martin Garrido, Ricardo Martins, Cândido Barbosa, Isidro Nozal, Rubén Plaza, Cândido Barbosa e Tiago Machado, por exemplo… Joaquim, desiste de uma das etapas para encher e, malgrado já haver um prólogo… tenta colocar dois contra-relógios na Volta de 2008. Em vez de um de quase 50 quilómetros… dá-nos dois, um com um pouco mais de 20 e outro com um pouco mais de 30. O povo quer espectáculo. Quer ver luta. Quer ver os atletas a superarem-se.
Com especialistas como David Blanco, Martin Garrido, Ricardo Martins, Cândido Barbosa, Isidro Nozal, Rubén Plaza, Cândido Barbosa e Tiago Machado, por exemplo… Joaquim, desiste de uma das etapas para encher e, malgrado já haver um prólogo… tenta colocar dois contra-relógios na Volta de 2008. Em vez de um de quase 50 quilómetros… dá-nos dois, um com um pouco mais de 20 e outro com um pouco mais de 30. O povo quer espectáculo. Quer ver luta. Quer ver os atletas a superarem-se.
4 comentários:
não é por ser irmã de um sprinter que digo isto, mas o pessoal gosta é de chegadas ao sprinte, toda a adrenalina que envolve uma chegada assim.
Perdoe-me o Joaquim Gomes mas com bom trepador que aposta muito na volta nas chegadas ditas "individuais",
Cristina,
compreendo o seu ponto de vista, mas não anula o meu... 10 etapas (o prólogo é sempre muito curtinho), duas chegadas em alto, dois cronos e ainda sobravam 6 etapas para os sprinters, não era?
Mas já noutro contexto, e aqui a responsabilidade não é só da PAD/JLS... com tantos bons contra-relogistas... vejam já se conseguimos ter, ao longo da temporada, mais exercícios individuais nas diversas corridas do calendário.
Pois é exactamente ao contrário, eu acho que as etapas ao sprint são um grande tédio, realmente os últimos metros são emocionantes, mas numa etapa de 160 km apenas o último trazer emoção, não é propriamente um espectáculo. Muito mais interesse têm as montanhas.
Viva amigo Madeira:
Confesso que esta contratação do Cândido Barbosa para o Benfica não me surpreendeu em nada, algo em mim (depois de saber a saída da Liberty) já me dizia que a unica equipa que o Cãndido aceitaria correr em Portugal era no Benfica, mesmo com todos os pesos pesados que o Benfica lá tem. Por outro lado, o Benfica tem o privilegio de juntar os dois nomes portugueses mais sonantes do ciclismo na mesma equipa, o Cândido e o José Azevedo, e não é preciso dizer nada sobre ambos, o Cândido é reconhecido o seu palmarés em Portugal, o Azevedo é reconhecido pelo seu palmerés no estrangeiro (não pondo de parte o que conseguiu em Portugal), principalmente no Giro e no Tour.
Quanto ao Ruben Plaza, confesso que foi uma surpresa, pois não esperava ver um corredor com a classe que o espanhol tem no Benfica, e sabendo que ele actualmente está numa das melhores equipas do mundo, o Benfica deve ter feito um esforço enorme para o conseguir garantir.
Com isto tudo, o Benfica está a delinear uma fortissíma equipa para a proxima epoca. Confesso também que estou um pouco curioso para ver a estrategia do Orlando Rodrigues para "controlar" três chefes de fila.
Estou curioso para ver a proxima Volta a Portugal, como vai ser, o Cândido anda a perseguir a Volta a Portugal há três anos (faz lembrar um pouco o Vitor Gamito), o Azevedo regressou para tentar ganhar a Volta a Portugal.... resta o Ruben Plaza, qual será o objectivo, a proxima Vuelta? - isto se o Benfica participar.
Quanto as etapas da nossa Volta a Portugal, eu concordo mais com o amigo Madeira, embora compreenda que os sprinteres não gostem muito de andar em terreno acidentado, mas temos de concordar, os cronos e as etapas de montanha, são as que mais espectaculo trazem ao ciclismo.
Um abraço,
Jorge Vieira
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