VOLTA A PORTUGAL’2008-9
Ora, e ao contrário do que um estimado companheiro juntou ao meu último comentário sobre a Volta, sou, humildemente, obrigado a dizer que… eu tinha razão.
Em tudo!
O Américo Silva perdeu ontem – já é ontem – mais uma Volta a Portugal e perdeu-a – deixem-me usar o exemplo do tabuleiro de xadrez – porque optou sempre por “atacar” com peões, à espera que a sorte divina lhe caísse do céu, em vez de atacar com uma outra qualquer peça mais forte.
Quando eu ontem, que já foi na sexta-feira, escrevi que desbaratara as forças do Nuno Ribeiro, quando este nem cócegas fazia ao principal candidato, sabia o que estava a dizer.
Se queria mesmo forçar a Palmeiras Resort-Tavira a um esforço sério, que produzisse o desejado (por parte da Liberty Seguros) desgaste da equipa algarvia, tinha sido na sexta-feira, e não ontem, que devia ter atacado com o Rui Sousa.
Houve quem não concordasse comigo. Ainda bem. Ainda bem que há pessoas que não receiam fazer a sua própria leitura da corrida e… defendê-la.
Mas uma coisa estava a descoberto, quanto mais próximo do final o Américo tentasse provocar o principal adversário, menos hipóteses tinha de o surpreender. É evidente, era evidente para todos que, não tendo apostado no Rui na sexta-feira, o faria ontem.
Perdeu a última possibilidade de tentar surpreender Vidal Fitas que, arrisco-me a dizê-lo, desde o dia de descanso estava à espera daquilo que a Liberty pudesse vir a fazer.
Seguro de que, quanto mais tarde o fizesse, melhor para a equipa algarvia.
Ontem, finalmente, houve quem tivesse reparado que nenhum dos trepadores da Palmeiras Resort-Tavira tinha ainda sido forçado a qualquer espécie de desgaste.
Ao contrário, e até – digo-o eu, agora, a posteriori, o que é sempre fácil – nem me surpreendeu que logo na primeira subida um terço da equipa da Liberty tenha ficado para trás.
Ora, se há muito toda a gente percebeu que a discussão pela vitória na Volta ficara reduzida ao Hector Guerra e ao David Blanco, se estes dois homens, ambos especialistas no contra-relógio, não precisavam, de todo, do trabalho da equipa, a não ser para resolver as coisas antes da última etapa… os “ataques” inconsequentes da Liberty mais não fizeram do que… cansar os seus próprios homens.
E viu-se.
O Nuno Ribeiro, “castigado” na sexta-feira, rebentou a meio da etapa; o próprio Rui Sousa foi obrigado a lutar até ao esvaziamento total, salvando, vá lá, a camisola verde. A prestação de Koldo Gil fez-me lembrar sempre o Don Quixote… estava ali, na frente, quase à morte… para quê?
Para quê se, tendo-se resguardado – porque ao contrário não foram obrigados antes – os guarda-costas de Blanco, Krassimir Vasilev, Nélson Vitorino, Ricardo Mestre, principalmente estes, estavam – estiveram – à vontade para fazer o seu papel.
Estou a ver/ouvir o resumo final da etapa.
Diz o Américo que só podia ter feito isto que fez.
Claro que não!
Se a aposta foi sempre o Guerra, se o Rui Sousa nunca seria mais do que carne para canhão… então tinha que ter jogado o vianense mais cedo. Porque, e como referi ontem, em relação a ele todos teriam que responder, porque todos estavam atrás dele.
Queimar o Nuno Ribeiro que tinha quatro minutos de atraso; depois, queimar o próprio Rui Sousa e logo a seguir o Koldo Gil que estava a três minutos… foi fogo-de-vista.
Tiros de pólvora seca.
E o Vidal Fitas só teve que segurar o natural ímpeto dos seus corredores que, acredito, terão vivido estes dois últimos dias sobre brasas.
De prevenção total, à espera de um ataque relevante do adversário, sem saberem se seriam, ou não, capazes de corresponder aos anseios da equipa.
E hoje [ontem] quando finalmente lhes foi entregue o comando da corrida já o Rui Sousa se arrastava lá para trás, já o Nuno Ribeiro se perdera na classificação e, na frente, podiam ver o Koldo Gil a derreter as suas últimas forças.
Não precisaram de ganhar a corrida que o adversário se encarregou de a perder.
No resto, seria sempre o mesmo.
O Blanco e o Guerra não entrariam em fugas, não contariam em nada para a tal “guerra” por que todos esperámos, mas não aconteceu.
O Blanco e o Guerra desde a Estrela que não precisavam de equipa.
Bastava colarem-se um ao outro.
A equipa – uma delas, em relação à outra - aqui, só tinha um papel: tentar eliminar elementos da adversária para a eventualidade de os seus ases virem a precisar de ajudas extras.
Aí, nessa situação, o que tivesse a equipa mais folgada levaria vantagem.
Foi sempre o Blanco.
Porque a Liberty se encarregou de “eliminar”, um a um, a sua própria equipa.
E termino voltando a usar a figura do xadrez.
Não é, definitivamente não é, o principal hobby do Américo Silva.
2 comentários:
análise correcta.
O Americo tentou imitar um mestre,só que os seus ciclistas não estavam à altura do pretendido.
É por isso que os que foram impedidos de ir à volta são diferentes,vão até à morte,só que morrem muito mais tarde
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