quarta-feira, agosto 13, 2008

II - Etapa 190

QUE TUDO CORRA BEM!...

Sai hoje para a estrada a 70.ª edição da Volta a Portugal em bicicleta, em quase tudo semelhante à edição do ano passado – e dos anteriores – mas indelevelmente marcada pela decisão (que, por ser de todo aceitável, já que as participações na Volta são a convite do organizador, e contra isto… tentar argumentar seria chover no molhado), marcada, dizia eu, pela exclusão da equipa do Póvoa Cycling Clube-MSS.

Naquele que - sem ser órgão oficial de um partido, ou clube, ou religião – é o único jornal português onde as grandes noticias mais não são do que artigos de opinião da pessoa que os escreve, bradam-se hossanas!

Digo-o eu, aqui, sustentando a minha opinião no que me é dado a ler, que não deixa de ser um exercício cativante fazê-lo. Ler o jornal.

A manchete diz-nos: Espectáculo de Volta.

Não sei se é erro da revisão. Volta, em caixa alta… é a Volta. Estamos, portanto, perante um puro exercício de adivinhação ou, o que seria de todo aceitável… a expressão de um desejo.

Só que no editorial se lê que o mais importante é a Volta continuar a existir – estava em perigo?!!! – e não, cito: «qualquer exibição fantástica que coloque três corredores de uma equipa nos primeiros três lugares de qualquer corrida».

E eis-me baralhado.
O que é que a manchete quer, afinal de contas, dizer?

Quem temos de volta o Ciclismo espectáculo, ou é mesmo uma adivinhação?

Mas isto são… minudências.

Com uma excepção… a de um jornal reconhecer que, a presença do Póvoa Cycling Clube-MSS, cito novamente: «Se a equipa poveira estivesse na Volta, a corrida seria quase reduzida à polémica. Diariamente a imprensa iria recordar o caso policial em curso e as atenções seriam desviadas do essencial: o plano desportivo.»

Que imprensa?

Que ideia faz o articulista do que é ser-se Jornalista profissional?
O que é preciso fazer/dizer para que entenda que nem mesmo o mais sensacionalista dos jornais desportivos cometeria esse erro?

Estará a referir-se… ao seu?

Sou obrigado a relevar todas estas afirmações. Ainda mais quando leio – e acredito que foi escrito em consciência que, volto a citar: «… o nosso ciclismo não depende ou não de uma equipa, depende de a Volta continuar a dar lucro suficiente para cobrir as despesas com as outras corridas que a PAD promove e para pagar à federação pela concessão da Volta. É que esse dinheiro é essencial para ajudar as camadas jovens e para pôr as selecções em marcha.»

?????????????

Todos vimos como funcionam as selecções. Na véspera da partida para Pequim, e tendo dado negativo num teste que comprovaria que não precisa ser medicamentado, a estrela da selecção, não podendo tomar o “produto” pura e simplesmente a abandonou. E o seleccionador, com dois suplentes à disposição, abdicou de ter um terceiro corredor em Pequim…


Não me interessam os resultados que viessem a conseguir – falarei disso mais tarde, até porque os dois que foram estão a fazer a Volta – mas que o jornal pergunte aos dois suplentes o quão foram frustradas as suas expectativas de poderem, daqui a 30 anos, contarem aos netos que tinham estado nuns Jogos Olímpicos.

E já agora... que comente, a sério, a confissão de que sem os tais medicamentos... não rende o que dele todos julgávamos ser à custa dos seus músculos, da siua vontade...
Passaram sobre isso como cão por vinha vindimada.

O claro “alinhamento” a que o jornal se predispõe, é desmascarado na página 5.

Que, fosse qual fosse a opção do Joaquim Gomes, haveria sempre quem estivesse contra… tudo bem. É uma verdade indesmentível.
Agora “colar” ao Joaquim Gomes que, cito mais uma vez: «aqueles que insistem em reclamar presunção de inocência para uns, enquanto acusam outros das mais variadas malfeitorias?...». e uma bela rasteira.

Primeiro, quem é que acusou, fosse quem fosse, “das mais variadas malfeitorias»?
O Manel Zeferino, na única entrevista que deu – curiosamente, a um jornal generalista.

Percebam que o Homem está arrasado com o que lhe está a acontecer.
Porque, por mais voltinhas que tentem dar, a verdade, a única verdade sustentável em factos… é que não há rigorosamente nada, nem em termos policiais, muito menos em termos desportivos, contra a equipa do Manel Zeferino.

Caramba!... Aquela encenação da Polícia Judiciária vale… zero.

E é preciso ser-se muito desonesto para a usar enquanto argumento.

Passado este tempo todo, o que é que a PJ provou?
Se na mesma altura em que a PJ actuou, o CNAD recolheu amostras fisiológicos dos corredores que estão suspensos… quais foram os resultados desses testes?

E vou, agora, directamente ao que interessa, ao importante desta história toda.

Não há nada – repito, não há nada – que possa ser usado contra a equipa da Póvoa de Varzim. Não há…

Então porquê negar-lhe a possibilidade de correr a Volta?
Mais… se é um facto que há cinco atletas suspensos preventivamente – ainda que sem acusação formalizada – e Equipa tinha corredores para poder correr a Volta.

Quem explicam isto aos leitores dos jornais?

Porque é que os sete elementos sobre quem não recai qualquer, chamemos-lhe… suspeita – entre eles o vencedor da Volta do ano passado – não podem correr a Volta deste ano?

Qual é o Jornal, qual é o jornalista que faz esta pergunta ao Joaquim Gomes?

Suspeita (!!!!) de dopagem organizada? Mas vivemos nalgum estado em que meras suspeitas levam a concretas penalizações? Sem que nenhum corredor da equipa fosse apanhado em nenhum controlo anti-doping?

Expliquem-me lá… eu hei-de ser capaz de entender.

Se entendo que equipas – estrangeiras – mesmo com casos concretos de doping, confirmados e penalizados, não vêm “manchar” a imagem de uma Volta “limpa”, como é que um caso de meras suspeitas deixa uma equipa portuguesa de fora?

Mas o responsável editorial do jornal foi “baixo” de mais ao chamar em destaque, o que se passa com o Pedro Cardoso.

Não é possível que não tenha lido toda a história mas, e apesar disso, teve a “coragem” de arrasar o Pedro… é de besta!

Eu acredito que o personagem nem leia o meu blog.
Dou isso de barato.
Mas ouviu o Pedro Cardoso?
As explicações que ele deu a quem procurou ouvi-lo?

Sabe, que apanhado numa curva mal calculada, o CNAD acabou por ter de pedir à Polícia Judiciária cópias dos tais documentos que o Pedro tem e que provam que avisou em tempo útil o CNAD?

E porque é que não sabem?
Procuraram falar com o Pedro?

Eu sei… não dá jeito nenhum incluir declarações de terceiros – mesmo que sejam os principais interessados - em opiniões travestidas de notícia.

E o que dói mais é assistir, impotente, à viciação da Opinião Pública.
É ler que uma fantochada montada pela PJ, se quer vender à viva força como “prova” de um “crime” não provado. Que jamais será provado.

Existirá “crime”?
Não digo nem que sim nem que não, mas não recolho a guarda enquanto amadores naïf insistirem, sem o mínimo e pudor, em, não só acusar, como condenar pessoas, homens, chefes de família, pais de filhotes pequenos, sem a ponta de corno da mais pequena prova.

E eu percebo nas entrelinhas os “recados”.

Serei igual a vocês, só que de polaridade diferente?

Será que pensam que têm o mesmo direito de julgar e condenar como eu defendo a incontornável presunção de inocência?

Talvez.
Mas, e em definitivo, isso não faz de nós iguais.

Há patamares que não podem ser, pura e simplesmente saltados… as escadas sobem-se degrau a degrau.
E aí eu levo vantagem.

Nada, ninguém, provou, e tenho muitas dúvidas de que virá a conseguir prová-lo que a equipa em causa usou, ou mesmo abusou, de práticas irregulares.

Não o conseguirão provar.
Simplesmente porque não têm ponta por onde lhe pegar.

O caso do Pedro Cardoso então… é tentativa pura de assassinato de um Homem a quem o Ciclismo português deve tanto.

Já nem sei quantas vezes escrevi isto, mas o Ciclismo em Portugal é autofágico.

E estão sempre a aparecer mais canibais de dentinhos afiados.
Só que de Ciclismo nada lhes sobra do que empiricamente aprenderam… na berma da estrada.

Mas pronto, daqui a algumas horas começa a 70.ª Volta a Portugal em bicicleta.
Não tive tempo, nem para ver o percurso, nem para avaliar dificuldades ou escolher favoritos.

Enquanto apaixonado pela modalidade, só desejo que tudo corra bem.
Não, não estou à espera de “broncas” para sustentar aquilo que eu acho teria sido mais justo. Não o farei, se tal desdita vier a acontecer. Mas ficarei atento às vossas leituras.

Só para terminar: um jornal especializado, que, por princípio, há-de ser feito para ser lido por, nem digo especialistas, mas pelo menos conhecedores, não viverá muito tempo se insistir neste trilho que tomou.

Dizem-me os meus 22 anos de profissional que o jornalista mais não tem que relatar os factos, e deixar que seja o leitor a tirar as suas conclusões.

Que a Volta a Portugal’2008 corra da maneira que todos, nós, os apaixonados pelo Ciclismo, queremos. Sem casos. De espécie alguma.

7 comentários:

Anónimo disse...

mas entao nao encontraram algumas substancias proibidas com os ciclistas e na sede da equipa...? as analises do cnad nao comprovaram que certas substancias contidas nesses "frascos" eram de facto substancias proibidas...é que se nao vamos a acreditar no que diz o cnad e a policia entao dámos em malucos... alem disso todas as prestaçoes que a povoa vinha a fazer nao eram de todo normais, resultados mt estranhos ate mesmo para uma super equipa e mt motivada...recordo-me de resultados em espanha em que fizeram nos tres primeiros lugares e com outros ciclistas de renome a participar...é claro que isto não serve como prova, mas que nao deixa d ser estranho não...e agora este caso do joao cabreira que faltou a um controlo...bem perante estas "coincidencias" todas acho que o senhor joaquim gomes e a sua equipa tomaram a decisao correcta de deixar a PCC fora da Volta...é a minha opiniao

Pedro disse...

Esse jornal é uma vergonha. Mais parciais que esse jornal, só os jornais dos Clubes!!!

mzmadeira disse...

O Marco indica-me o jornal, o dia em que foi publicada a notícia de que a PJ tenha encontrado algo que pudesse incriminar a equipa... e eu dou o braço a torcer. Atenção! Eu leio TODOS os jornais, TODOS os dias. Para além de ter acesso a outras fontes de informação.

Até lá, digo-o eu, Manuel José Madeira, nem a polícia, nem o Conselho de Disciplina da FPC - para além dos dois casos que são do conhecimento público - têm nada de concreto que susente a posição tomada.
E atenção... ao contrário do futebol, no ciclismo pode-se recorrer aos tribunais comuns para derimir argumentos. E à luz da Lei vingente, o Conselho de Disciplina - dizendo de forma mais lata - a FPC NÃO pode instruir um processo disciplinar a seja quem fôr se não tiver conseguido as provas plos meios que lhe são reconhecidos: traduzindo, apanhar um corredor com um casp de positivo.

Não pode, e estou a ficar careca de o dizer, pegando em eventuais provas que a polícia tenha encontrado, partir para o castigo de atletas, dirigentes, treinadores, massagistas...

Não acredite em tudo o que lê nos Fóruns, Marco

Anónimo disse...

Meu caro Marcos... proponho-lhe um jogo: se o presidente da FPC for a conduzir o seu veiculo e numa operação stop a brigada detectar que ele traz na mala duas grades de cerveja e algumas garrafas de champagne, deve retirar-lhe imediatamente a carta, pois estando em posse de bebidas alcoólicas faz dele um potencial alcoólico, certo (primeira suspeita)?! E se com ele for o senhor João Lagos e o senhor Orlando Rodrigues, podem ser detidos por associação criminosa(segunda suspeita?! Tenham dó...só em portugal se condena com base em suspeitas...

Anónimo disse...

concordo plenamente com o marcos

BlueDragon disse...

Também concordo, só mesmo neste país de burros é que estas coisas aconteçem.

Joana disse...

Eu também concordo com o Marcos, que se apressem a dizer o que de tão grave encontraram, porque caso contrário, então a BRONCA é que é MUITO GRANDE!!