II - Etapa 208

QUEM DIZ QUE UM RAIO
NÃO CAI DUAS VEZES NO MESMO SÍTIO?

Faltam três etapas para que esta Volta'2008 chegue ao fim e, como é evidente, cada uma delas tem o seu próprio peso especifico. Como o teve a de ontem na qual a Liberty Seguros cometeu o seu segundo grande erro estratégico. Mas a verdade é que o primeiro, esse sim, ditou o desfecho da Corrida.

Tenho ouvido, visto e lido algumas... reclamações por a etapa da Estrela ter aparecido logo ao quarto dia. Aparentemente já todos esqueceram o alinhamento da Volta'2005. Não havia prólogo, por isso surgiu logo no terceiro dia. Ok, não terminou no alto, mas se tivesse terminado o resultado final teria sido diferente?

Dir-me-ão: é necessáriamente diferente a abordagem à subida, se a etapa é para acabar lá no alto, ou se depois ainda há 30 quilómetros sempre a descer, até ao Fundão. Pois!

Não podemos comparar as etapas. Mas ainda se lembram do que aconteceu nessa mesma tirada? À distância dos mesmíssimos sete dias do fim da prova?

Com ou sem ironias, com segundos sentidos ou não, a mim, ainda agora me martelam na cabeça as palavras do Orlando Rodrigues, referindo-se, sem dizer o nome, ao Rui Sousa: "Iniciou a subida em Seia com seis minutos de avanço e chegou à Torre com cinco!»

Referia-se o Orlando às diferenças para os seus homens, porque David Blanco chegou muito mais perto, praticamente sem ajuda de nenhum companheiro. Apenas o David Livramento, que ia com o Rui e com o Pedro Lopes, apareceu por momentos insignificantes a cortar-lhe o vento.

E como é que o David Blanco apareceu lá na frente? Exactamente, à boleia do Hector Guerra e do Koldo Gil. Tivesse o Américo confirmado com o Rui o como ia ele de forças, e deixado as despesas da perseguição para, por exemplo, o Benfica - e foi o Orlando quem o disse, não sou eu - ele teria chegado à Torre com os tais cinco minutos e a Liberty Seguros tinha ganho ali a Volta. Com o Rui.
Teve o pássaro na mão.

Nestes dias todos que medearam entre o sábado passado e hoje, quase uma semana depois, não é difícil adivinhar o desgaste que as outras equipas teriam tido, incluindo a Palmeira Resort-Tavira, pois a opção David Blanco é a única de que Vidal Fitas dispõe.

Olhem para a equipa algarvia.
David Livramento, Juan Gomis, Krassimir Vasilev... Nélson Vitorino, Ricardo Mestre...
Qual destes já viram a gastar mais energia do que a necessária para ir no pelotão?
Quem foi o rei da Montanha em 2005?
E em 2006?
Quem foram os três primeiros corredores a passar na Torre em 2006, a caminho do Fundão, onde ganhou o Vasilev?

O que é que se prepara para acontecer na etapa da Senhora da Graça?

Mas o Benfica tem, pelo menos, que fazer mais alguma coisa para justificar o investimento feito. Certo que, em condições normais, Rubén Plaza é o principal favorito a ganhar o crono final, o que daria aos encarnados três vitórias em etapas. Já não era mau.
Mas não vão fazer nada na Senhora da Graça?
Não acredito.

Ontem, novo tiro no pé, por parte da Liberty.
Que sentido faz - fez - pôr o Nuno Ribeiro a marcar o ritmo da corrida? Mais... escapar-se? Para ganhar a etapa?
Para abrir caminho ao Guerra?
Mas... levando - outra vez - o David Blanco com eles?

O Hector Guerra ganhou dois segundos ao galego do Tavira, mas este ganhou... 28 ao Rui Sousa.

Com os tais cinco - vá lá... que fossem quatro ou mesmo três e meio - minutos que o Rui Sousa poderia ter ganho na Torre até podia fazer o contra-relógio a pé! Passe o exagero.
Ok, o técnico não confia nas possibilidades do vianense no crono. Nenhum de nós confia. Não é o seu terreno. Mas que com a ajuda de Ribeiro, Gil, Guerra, Cardoso, Nozal, Vítor Rodrigues... só um inesperado desfalecimento impediria o Rui de, pelo menos, acompanhar os principais rivais na Senhora da Graça, com a vantagem de a despesa da corrida correr sempre a expensas dos adversários, isso também ninguém o negará. E os tais cinco, ou quatro, ou três e meio minutos não chegavam, num crono que acaba com 1600 metros a subir?

Falo na minha condição de observador, nada mais do que isso. Mas se nos anos anteriores o Liberty não ganhou a Volta com o Guerra porque o escolhido era o Cândido... livres - salvo seja - do agora benfiquista voltam a cometer o mesmo erro.
Partem com a ideia fixa de levar Guerra ao triunfo a vão acabar por ver outro no primeiro lugar, em Felgueiras.

Lembram-se como em 2002, com toda a gente a marcar em cima o Fabian Jeker e o Claus Möller, o Manel Zeferino, na etapa da Senhora da Graça, fez sair o Rui Sousa, o Gonçalo Amorim e o Joan Horrach, vestindo este de amarelo? Amarelo que levou até ao último dia, o crono de Sintra, quando acabou por perder a volta para... Claus Möller?

Dá sempre jeito ter um Plano B.
Quem é cuidadoso têm-no sempre.
Um verdadeiro estratega vai ainda mais longe, "disfarça" o Plano A de Plano B... e engana todos com este!

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Chegaram-me nestes últimos dias, de dentro da própria caravana voltista, zunzuns de que estas duas etapas, a de ontem, que saiu da Póvoa de Varzim, sede da equipa proscrita pela FPC e pela Organização da Volta, e a de hoje, que sai de Barcelos poderiam revelar-se problemáticas para a Organização.
Aparentemente, viam-se vários fantasmas, o que normalmente acontece a quem carrega a consciência pesada. Esperavam-se cartazes, como os que apareceram na Rota dos Vinhos Verdes, manifestações populares, sei lá que mais... Cortes de estrada, imaginem!

O que se viu?



Ordeiramente, na berma da estrada, equipados a rigor porque tinham acabado mais uma manhã de treinos, o grupo dos portugueses do Póvoa-MSS.
Vi há pouco no Jornal da Volta, na RTP1.

Ilustro aqui com uma foto da qual omito o nome do autor porque, andando ele na Volta, não sei se será conveniente saber-se quem é. Mas a Volta acabe agradecerei aqui ao autor.

É esta imagem de... renegados, de quase "fora-da-Lei" que uns, perversamente, no que foram seguidos pela maioria que é apenas ignorante, estão a tentar colar aos Homens, aos Corredores do Póvoa Cycling Clube?
É disto que eu falo quando digo que obriga - se não conseguirem provar nada contra eles - a um público pedido de desculpas que não evitará que os visados usem de todos os meios legais que têm à sua disposição para verem reposto o seu bom nome, enquanto atletas e enquanto Homens. E a reivindicarem ser ressarcidos dos prejuízos morais e materiais que estão a sofrer.
Na FPC confundiram Utilidade Pública com "autoridade pública" - que é evidente que não tem - e por causa desta podem perder a primeira.

Por parte da Organização - que se pode escudar no conselho da FPC (o que agrava ainda mais a situação desta) para não ter convidado a Póvoa-MSS -, e basta que haja quem, com conhecimentos e poder (falo em termos jurídicos) se interesse pelo caso para que, do nada, de repente veja o mapa de prémios desta Volta inflaccionado em... 100%.

Eu, se fosse responsável pelo clube, avançaria com uma acção em tribunal pedindo uma indemnização no valor total dos prémios em jogo, sendo que não há forma de demonstrar que, não tendo sido afastada, os não ganharia a todos.
É utópico?
É o Direito!

E entregava esse dinheiro todo à equipa de advogados que em tribunal me limpasse o nome e, ao mesmo tempo, condenasse quem acha que pode assim jogar com o ganha-pão de duas dezenas de famílias.

Se eu fosse advogado, este caso achá-lo-ia extremamente interessante e agarrava-o, com certeza.
E atenção! Mesmo que daqui a três dias, quando a Volta terminar, apareça alguma coisa de concreto que possa ser usado para penalizar a equipa da Póvoa. O que não havia, à data do arranque da Volta. E um crime, a havê-lo, é julgado - e depois penalizado - a partir do momento em que se prova em tribunal (seja ele qual fôr) que foi cometido.

Se eu matei alguém há dez anos, se só fôr preso hoje e julgado daqui a um mês... apanho 20 anos de cadeia a contar a partir do momento da leitura da sentença, e não me "descontam" os dez anos que passaram desde que cometi o crime.
É só um exemplo. Ainda não matei ninguém!...