sábado, julho 01, 2006

132.ª etapa



INFELIZMENTE… UM PORTUGUÊS NA LISTA


Numa altura em que o país velocipédico anda rouco de gritar que o Zé Azevedo é o n.º 1 (há anos que a US Postal, primeiro, e depois a Discovery Channel, ordena as suas equipas alfabeticamente pelos apelidos), rebentaram, entretanto, foguetes por causa da chamada de Sérgio Paulinho ao “nove” da sua equipa que participaria no Tour. Sou um grande admirador do Sérgio, mas, honestamente, ele nunca conseguiu, nestes dois anos, mostrar aquilo que pode valer. Um rasgo ou dois, o aparecimento numa fuga, para no dia seguinte cair 50 lugares na classificação, sempre no seu jeito envergonhado, como se ele próprio não acreditasse nas suas potencialidades, só mesmo por espírito patriótico se poderia pensar que ele – acontecesse o que acontecesse – seria chamado. Foi dado como suplente em alguns sites mas, a verdade é que na lista entregue à organização da corrida francesa o seu nome não constava. Nem era uma 2.ª opção. Foi 3.ª, depois de rebentado o escândalo. Gostaria muito de o ver no Tour, mas não esperaria muito mais do que ele fez noutras corridas. Mandam-no estar no pelotão e ele fica. O pelotão parte, e ele está sempre no grupo dos atrasados. Ao longo de todos os anos que leva já de ciclismo, e até com a experiência internacional que somou ao serviço das várias selecções nacionais, sinceramente esperava mais dele. E quando soube que ia para Espanha, foram muitas as conversas com outras pessoas do meio nas quais eu era quase o único a afirmar que acreditava nele. Agora tudo indica que a sua aventura espanhola chegou ao fim. Depois deste caso, nenhuma equipa ProTour – se ainda continuar a haver equipas ProTour – o vai contratar e vai voltar a Portugal com muito pouco para contar. Como aconteceu com quase todos os portugueses que um dia emigraram, à excepção de Agostinho, José Martins, Orlando Rodrigues e, também Américo Silva que foi sempre um corredor importante, nomeadamente na Royal, depois Artiach. E, claro, José Azevedo que, a seguir a Joaquim Agostinho – deixando de fora Acácio da Silva que é português de nascimento, mas cresceu e formou-se como corredor sempre no pelotão internacional – dizia, o Zé, que é sem dúvida o nosso segundo emigrante com maior sucesso. Que fizeram Quintino Rodrigues ou Vítor Gamito na sua passagem por Espanha? Mesmo o Cândido, que ainda ganhou algumas etapas com a camisola da Banesto ficou muito aquém daquilo que valia. E vale.

Em relação à sua implicação neste caso… pois creio que ainda nos faltam muitos dados para podermos pronunciar-mo-nos em consciência. Contudo, nenhum corredor terá sido arrastado para as tais
“clínicas” ou manietado na cama do hotel para fazerem transfusões ou tomarem fosse o que fosse. Acredito que haja quem se sujeita a esses “esquemas” para não ser posto de lado. E então, principalmente nas equipas de Sáiz e do “inocente” Belda, a coisa não era para garantir “força” só ao, ou aos, homem(s) que quereriam que estivesse a discutir vitórias. 15 e 16 corredores implicados vai muito para além disso.

Foi o Sérgio apenas uma vítima? Talvez. Quero acreditar que sim. Queremos todos.


PS: Rídiculo foi aquele sujeito que, quando todos já tinham visto no próprio site da UCI o nome do corredor ainda foi capaz de garantir que ele ia correr. Mas se já lida tão mal com o português… percebe-se que não entenda o que está escrito em francês ou inglês.

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