quarta-feira, julho 19, 2006

158.ª etapa



MAS QUEM É QUE PODE NÃO GOSTAR DESTE ESPECTÁCULO?



Extraordinária etapa, de ciclismo puro - pelo menos queremos acreditar nisso -, foi a jornada de hoje. Houve tudo. O protagonismo de Michael Rasmussen, a fazer lembrar velhos e gloriosos tempos - por mero acaso, ainda há minutos folheei uma revista (francesa) de ciclismo na qual, num dos artigos, se focava a vitória de um jovem belga, de nome Eddy Merckx que, mal ultrapassado o "col" du Tourmalet, para evitar a "confusão" e o perigo que adviria de uma descida de loucos, se colocou na frente da corrida e fez, em solitário, os 130 (!!!) quilómetros finais, ganhando a etapa, claro. Depois de ultrapassar ainda o Soulor e o Aubisque! Foi em 1969.

Este - voltamos ao Rasmussen - dinamarquês atípico, muito alto e magro, já demonstrara ser um trepador muito acima da média e, contra factos não há argumentos que resistam. É já um dos heróis deste Tour'2006.

Mas houve mais espectáculo, se bem que sob a dura mas real "lei" da estrada. O desfalecimento, em directo, para milhões de telespectadores, do camisola amarela, Floyd Landis; a nova vida que esse galego, que deu os primeiros passos no profissionalismo em Portugal, chamado Oscar Pereiro e que, depois de ter estado a mais de meia hora do primeiro lugar e sem qualquer espécie de ambição que não fora a de chegar a Paris, um belo dia se viu de camisola amarela numa das mais arriscadas "jogadas" que jamais algum director-desportivo (o da Phonak) fez e que ontem se revelou completamente suícida. Demasiado tarde. Landis ontem perderia sempre a camisola amarela, ou será que, reescrito o "argumento" deste Tour tal não aconteceria? Mas não estaria a 10 minutos - mais minuto, menos minuto - do primeiro posto.

E houve ataques e contra-ataques... houve ciclismo.

Nenhum corredor, nenhuma equipa está a conseguir controlar a corrida e a "lei" da estrada vai ditando a sorte deste e daquele, um pouco hoje, mais um pouco amanhã... E assim será até Paris porque ninguém se atreve já a nomear um favorito "mais favorito". Afinal, não era isto que se esperava desde que ficou claro que Lance Armstrong encostava de vez a bicicleta?

E não creio que a corrida tenha perdido interesse por isso. Antes pelo contrário.

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