sábado, julho 01, 2006

133.ª etapa



O DIA MAIS LONGO…


Ontem, mesmo ainda com as bicicletas encostadas aos camiões-oficinas à espera das últimas afinações, terá sido o dia mais longo do ciclismo, nos últimos anos. Dia que se esperava desde que a Guardia Civil espanhola revelou que “caçara” algumas figuras gradas, tidos como gurus do ciclismo moderno. Deuses com pés de barro que, mais dia, menos dia cairiam do seu pedestal. Soubessem eles como as coisas funcionam por cá – vide o caso “Apito Dourado” – e o senhor Eufeminiano Fuentes teria aberto os seus escritórios e “clínicas” neste paraíso do faz-que-faz-mas-não-faz-nada.

Numa resposta ao José Carlos Gomes, alguns artigos atrás, citei a única forma que as autoridades policiais tinham para poder levar em frente a sua operação – a propósito, o jornal que insistia em traduzir a operação para “porto” já emendou a mão, e até já explica que “puerto” quer dizer cume de montanha – e, se é verdade que legalmente nada podem fazer contra os corredores implicados (já se pode dizer assim porque, levantado o segredo de justiça, tudo o que é órgão de Comunicação Social espanhol, e não só, logo publicaram os seus nomes) já que não há Lei que os proíba de fazer umas transfusõeszinhas, e, apesar de o Tribunal Arbitral do Desporto ter tido o desplante de proteger a equipa do senhor Manolo Sáiz, a razia veio mesmo a acontecer, com os responsáveis por várias equipas – se calhar com muita hipocrisia à mistura – a apressarem-se a afastar os seus corredores implicados.

Sobrou a de Manolo Sáiz que, com 9 corredores nas listas inicialmente tornada pública, ainda assim, pensando que conseguira iludir as autoridades, avançou com outros nove, escudando-se no TAS e fazendo tábua rasa do desejo da ASO em os não ver nem perto de Estrasburgo. Azar… desses nove havia mais cinco numa lista que acredito tenha muito mais dos que os 58 nomes inicialmente falados, aliás, ainda faltam alguns para atingir esse número.

E, em comunicado distribuído esta tarde, a Astaná-Würth insiste que apenas se retira do Tour porque ficou sem corredores suficientes para entrar na competição. Com 14 corredores na lista negra, a explicação dada foi aquela.

E que dizer da Comunitat Valenciana (que dentro de 5 dias estará a correr em Portugal) que pôs meio Mundo a bradar contra a injustiça de, o ano passado, não ter sido convidada? Eu fui um dos que escreveu que aquela equipa merecia estar no Tour. Tem 16 corredores indiciados!

Ao longo da tarde fui tentando saber todos os pormenores possíveis acerca do desenvolvimento da situação e não fiquei nada espantado com o facto de os 198 corredores tivessem “passado” no teste do hematócrito. Ainda por cima com a chaleira ao lume, ninguém ia correr o risco de se escaldar.

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