terça-feira, julho 11, 2006

146.ª etapa



A ETAPA DA ESTRELA



Teremos este ano na Volta e à imagem do que aconteceu em 2005, duas etapas que se destacam das demais, por outra coisa que não fosse, porque ambas estão associadas aos dois
“santuários” do nosso ciclismo. Principalmente dela, da Volta. A etapa da Senhora da Graça – que este ano vai ser, sensivelmente (é 4 km mais curta) igual à do ano passado – e a que passa na Serra da Estrela, este ano bastante diferente.

São muitas as opções para se
"desenhar" uma etapa que passe pelo ponto mais alto de Portugal continental, dar até vária voltas, vencendo algumas das suas vertentes e acrescentando-lhe dureza, mas jamais se encontrará uma que valha uma chegada à Torre.

Sei, sabemo-lo muitos de nós (quase todos) os que gostam de ciclismo, porque é que não se chega à Torre – já é mais difícil perceber porque é que só se sobe a Estrela uma vez por ano (???) – mas levar o pelotão, ainda por cima de uma Volta a Portugal, a passar a serra sem que a etapa termine lá no cimo é defraudante. Para os espectadores mas também para os corredores especialistas em montanha.
Tentemos antecipar esta etapa, deste ano.

Saindo de Gouveia "ataca-se" de imediato a subida em direcção às Penhas Douradas. Não se chega lá, embora a primeira das contagens para o prémio da montanha tenha essa designação. As Penhas Douradas são um pouco mais à frente, no local, a partir do qual se começa a descer essa vertente para Manteigas. Mas, vá lá saber-se porquê, não passando por lá a corrida assim se chama a contagem que acontecerá um pouco acima da Cabeça do Velho (25,2 km percorridos).

Depois vira-se para o Sabugueiro, a aldeia mais alta de Portugal, de onde se desce para Seia. Oito quilómetros a descer. A primeira meta volante é em São Romão, de onde se
"ataca" nova vertente, até à Lagoa Comprida. Dezoito quilómetros a subir, aos quais há a acrescentar mais 9, até ao cruzamento para a Torre que ficará à direita da corrida. A partir daqui, onde vai estar marcada a meta para o prémio da montanha, a 1890 metros de altitude, vai voltar-se a descer, primeiro até Piornos (Centro de Limpeza da Neve), virando-se à esquerda para uma descida bem mais vertiginosa até Manteigas de onde se rumará ao Fundão.

Do
“alto” da Torre à meta final distam… 76,6 km!!! Mais de metade do total da etapa.

Que fazem os especialistas em montanha, os trepadores? Atacam à saída de Gouveia? Para quê? Das 22 contagens para o prémio da montanha só faltam mesmo as duas desta etapa, não estará já encontrado o
“rei da montanha”? E se não, se nessa “guerra” estiver implicado um candidato ao triunfo final, caso as coisas ainda não estejam resolvidas? - e, a esta distância temporal, não creio que esta hipótese vingue no momento -, que fazem então?

"Atiram-se" à primeira montanha… ou guardam-se para a passagem junto à Torre? E aqui? Valerá o esforço dispendido nos 27 km a subir quando depois há 20 a descer e mais… 56 a rolar (!!!) até se chegar à meta?

Se o líder, na altura, não for um trepador nato, um “comboiozinho” bem articulado pela sua equipa levá-lo-á sem "estragos" de maior até ao alto e depois "caçará" sem dó nem piedade, imaginemos este cenário, o(s) adversário(s) melhor trepadores que se tenham adiantado e que, quase por definição, são menos bons a rolar em terreno mais ou menos plano. E quando se entrar na Estrada Nacional 18, os 32 quilómetros finais são completamente planos e em bom piso. Uma “pista” para os melhores roladores.

Desportivamente, esta etapa não promete nada de espectacular e só lhe vejo mesmo um, apenas um lado positivo.
É possível, aos espectadores-amantes de ciclismo assistirem à passagem junto à Torre e depois descerem, via-Covilhã, de forma a estarem a tempo no Fundão. Embora seja preciso alguma destreza a conduzir para não se perder tempo demais até à Covilhã. Mas terão de fazer menos quase 40 quilómetros (1 hora) que o pelotão.

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