[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quinta-feira, julho 13, 2006
148.ª etapa
UM EXCITANTE “JOGO DE XADREZ”,
JOGADO NA RECTADUARDA
Retomemos então o exercício iniciado no artigo anterior.
Vamos continuar a imaginar.
Imaginemos que um dos potenciais vencedores até é um corredor muito forte nas chegadas em grupo. Não tem nada a ver – ou tem? se calhar tem – com o caso concreto do Cândido Barbosa.
O ano passado, depois da etapa do Fundão, o corredor de Rebordosa conseguiu, meta volante a meta volante, final após final, fazer minguar a vantagem de Vladimir Efimkin até menos de um minuto. Mas o ano passado, como se costuma dizer, o Cândido corria atrás do prejuízo e, tenazmente, lutou tudo o que pode para se chegar ao russo. Este só teve que fazer contas para chegar à conclusão de que, apenas nos sprints o português não chegava lá. Nós ignorávamos o que Efimkin valia no crono, mas ele, Efimkin, sabia.
Pode, este ano acontecer algo parecido?
Pode um corredor-candidato desgastar-se dia após dia, após dia envolvendo-se em todos os sprints até à 6.ª etapa para ganhar… um minuto a outro adversário que até pode ser mais forte do que ele na Senhora da Graça? Diz a lógica que não.
Uma coisa é ter a Volta perdida e correr atrás dela sendo que, se o esforço continuado passar a respectiva factura… de perdida a Volta não passava. Outra é (seria) desgastar-se a recolher segundos enquanto o(s) rival(is) rolavam calmamente no pelotão apenas para marcarem o mesmo tempo na chegada, perdendo só as bonificações.
E mais, para um corredor se fazer a todos os sprints é preciso ter toda a equipa mecanizada e mentalizada para controlar a corrida de forma a que as chegadas sejam em grupo. O desgaste, não só do potencial-candidato, mas de todos os seus companheiros seria arrasador. E quem estaria depois em condições para o ajudar nos momentos mais problemáticos?
Então, parece que já chegámos a duas conclusões: é melhor não contar com as etapas de montanha para ganhar tempo suficiente para se chegar, primeiro à camisola amarela, depois para segurá-la, e gastar cartuchos nos sprints, intermédios ou finais, é arriscar uma factura para a qual depois, na hora H, não há “liquidez” para rebater.
O que sobra então?
Jogar na surpresa de uma fuga que “mate” a corrida?
Atenção. Não é credível que um candidato à vitória final consiga entrar numa fuga que chegue ao fim. Os outros não o permitirão. Mas… E se acontecer mesmo uma fuga com alguém com quem não se está a contar, que este alguém consiga amealhar uma vantagem “engraçada” e que depois, entre o controlar a sua corrida e estar de olho na corrida dos rivais pré-conhecidos… não sobrarem forças aos candidatos-candidatos para irem buscar o “intruso”? Pode acontecer.
Vamos então abreviar.
Se a montanha pode dar em nada; se a opção de controlar a corrida para uma chegada ao sprint, para além de desgastante para a equipa também não é garantido que ganhe o “seu” homem; se vai ser obrigatório – quer queiram, quer não – estarem todos permanentemente atentos no pelotão para não serem surpreendidos por alguma fuga… onde raio é que se pode ganhar esta Volta a Portugal, da qual eu disse que gostava do traçado e continuo a dizer (tirando a desfeita de não haver Torre)?
Nos carros de apoio!
Esta Volta vai ser ganha pelo director-desportivo que melhor souber lidar com a pressão diária que se adivinha. Que melhor estratégia traçar e que consiga que o todo da equipa respeite e cumpra a sua missão. Esta Volta vai ser ganha pela equipa que for mais coesa, tiver maior espírito de sacrifício e acreditar cegamente no seu chefe.
Vai ser uma Volta de muita luta, desgastante, quer física quer psicologicamente, quer para os corredores-candidatos, quer para os directores-desportivos que os comandam.
E vai ser tremendamente desgastantes para o colectivo que tiver no seu seio um dos candidatos.
E até deixaria aqui um palpite se pudesse rejuvenescer e trazer de volta à estrada homens como Gonçalo Amorim, Paulo Barroso, João Silva, Carlos Carneiro… Falta neste lote da equipa da Maia de 2001 e 2002 o Pedro Cardoso que, este sim, vai estar a correr, mas, arrisco (pouco, eu sei) que com funções bem diferentes das de então. A força daquela equipa, mais do que nos homens que ganharam a Volta e chegaram a fazer tremer o pelotão internacional, assentava neste bloco de trabalhadores incansáveis. Não há, actualmente, no pelotão português nenhuma com um bloco deste nível, por isso… atenção aos espanhóis da Comunitat Valenciana.
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