domingo, julho 02, 2006

136.ª etapa



MAS É QUE ESTÁ MESMO ABERTO...



Volto a começar com uma palavra para o público (já irei à chegada) que voltou a marcar presença. O ciclismo é assim e ainda bem que é.

A primeira etapa a "rolar" não fugiu um mílimetro àquilo que dela se esperava mas, dentro desta previsibilidade houve coisas... estranhas. A corrida está mesmo aberta, não só no que respeita ao vencedor final - o que há quase um ano se perspectivava com o anúncio do abandono de Armstrong, e agora potenciada com o afastamento de alguns dos seus privisíveis substitutos - mas também, a ver pelo que hoje aconteceu, noutras áreas. Segui a emissão da RTPN e já li vários comentários à tirada, por isso não vou pretender ser aqui original. Nunca o seria porque jamais neguei que muita boa gente (isto é mesmo no melhor dos sentidos) sabe de ciclismo e é capaz de fazer leituras muito a propósito, mas o que eu ia a escrever é que, o que faltou ontem - fazendo a etapa escapar à tal previsibilidade - foi mesmo o famoso "comboio". Fosse de que equipa fosse.

E foi estranho ver os finalizadores puros "perdidos" na cabeça do grupo, sem saberem se iam ou se ficavam - caso do Boonen - ou mais ou menos desesperados sem a presença dos seus lançadores. O único que me pareceu ter entrado bem nos últimos 400 metros foi o McEwen que fez o que tinha a fazer... colar-se à roda de Boonen. Claro que quando este "desistiu" ficou obrigado a fazer-se à vida... No final, boa vitória a do Casper que "abre" ainda mais a corrida. Creio que agora TODOS podem aspirar a que a sorte lhes sorria e tentem. Pelo menos tentem.

Antes, não "valia" a pena porque Armstrong ganhava... não "valia" a pena porque as equipas especializadas dominavam as chegadas... arrisco dizer que amanhã vamos ter uma etapa "louca".

Entretanto, George Hincapie chegou ao primeiro lugar. Creio que era mesmo essa a intensão da Discovery Channel. Depois do afastamento de Armstrong, era prioritário "premiar" o homem que nos últimos sete anos esteve a seu lado.

Não para ganhar a corrida - e isso, parece-me, também ficou hoje a descoberto - mas para o seu curriculo. E merece-o. Aliás, reforça a minha teoria o facto de ontem ele ter ido a "tope" no prólogo e hoje ter lutado pela bonificação no último sprint especial. A Crédit Agrícole ainda fez o que que tinha a fazer, lançou um homem para "queimar" segundos, mas não foi suficiente para que Hushovd mantivesse a camisola amarela. Que, quanto a mim, não conseguiria, mesmo sem que tivesse aconteciso o lamentável incidente no final.

E vamos ao final.
De facto, e ao contrário do que algumas pessoas julgam, as barreiras altas nas últimas duas/três centenas de metros de cada etapa não servem para impedir os fotógrafos amadores de tirar as suas fotos. Servem para salvaguardar a integridade física dos atletas.
Quem percebe o mínimo disto sabe que aquelas centenas de metros, quando duma chegada em grupo, atingem-se velocidades entre os 60 e 70 km/hora e qualquer, mas mesmo qualquer coisinha pode atirar um corredor ao chão...

O que aconteceu ontem não podia ser evitado. Só se se interditasse aquela zona a espectadores. Depois, há largos anos que se protesta contra aquelas mãozinhas verdes da PMU. Claro que a empresa só quer que se lhe faça publicidade, mas uma "mão" maior que uma raqueta de ténis, mais dia menos dia havia de dar raia... São feitas daquela espécie de cartão canulado, mas em plástico, e podem cortar, sim.

Já li que o ferimento em Hushovd poderia ter sido causado por uma... navalhada. Sinceramente - e como todos, só muito tempo depois percebi o que acontecera ao camisola amarela - não creio. E baseio-me apenas no observado. Foi (depois de o realizador muito ter procurado) ao passar por aquela "mão" que, e isso foi imediato, o norueguês foi ferido, mas ele "passou por aquilo" e só alguns instantes mais tarde olhou para ver o que, naturalmente quente, lhe estava a escorrer pelo braço. Era sangue. Aquela "mãozinha" é segura pelas pessoas por uma pequena pega onde metem a sua própria mão, sendo facilmente "arrastada" por quem contra ela embater... como se viu. Uma navalha empunhada por alguém estaria bem segura e, de tão perto que passou, teria desiquilibrado e feito cair o corredor.

Mas pronto, lamenta-se - e talvez amanhã já não haja "mãozinhas" naquela zona - mas lá passou a primeira etapa.

Em relação ao Zé Azevedo... não se esperavam novidades e ainda bem que não aconteceram. Caramba! O ano passado eu estive na Vuelta e em meia dúzia de dias vi-me obrigado a escrever notícias de quedas dele. Teve, concerteza, um dia tranquilo, como vai ser o de hoje.
Vamos esperar.

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