[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
segunda-feira, julho 24, 2006
165.ª etapa
UMA VEZ MAIS, OBRIGADO POR TUDO ZÉ!
Palavras simples, transbordando honestidade - não se esperava outra coisa - não fugindo às responsabilidades. Às que assumira e às que lhe quiseram colar. Excelente a entrevista de José Azevedo a A BOLA, na edição de hoje. Autêntico abrir de coração e, com uma lucidez espantosa, se tivermos em conta que ainda as pernas lhe doiriam de 20 dias em cima da bicicleta, e o coração, de certo apertado por ter a noção de que não fizera a corrida que ele próprio pensara fazer, explica o que aconteceu. Sem tabús.
Este foi o 5.º Tour do Zé. O 19.º lugar conquistado - sim, conquistado - é a sua 3.ª melhor classificação na Grande Boucle. Para muitos, em Portugal, e infelizmente, isso não chegou. Ser crítico tem muito que se lhe diga. Por exemplo, quando se aponta o dedo e se avalia o comportamento de seja quem fôr, devia perguntar-se: se fosse eu teria feito melhor?
Já diz um velho ditado chinês: Nunca esqueças que, quando apontas um dedo a alguém, três dos teus próprios dedos estão a apontar para ti.
O ciclismo é uma disciplina muito própria, diferente de todas as outras. Então numa corrida por etapas é mesmo única. Mais nenhum desporto obriga os atletas a, à custa das suas pernas, fazerem 200 quilómetros hoje, subindo montanhas acima dos 1000 metros (às vezes muito acima), e voltando amanhã e no dia seguinte e no outro (20 dias, nas grandes voltas)...
Num momento de fraqueza não pode deixar de pedalar. Não há paragens de desconto de tempo nem vale a pena atirar-se para o chão obrigando à interrupção do jogo e ganhando uns minutinhos para recuperar ao mesmo tempo que obriga à interrupção do ímpeto atacante do adversário, cerceando os seus objectivos.
Não pode parar, mesmo que lhe doa as pernas e lhe doa ainda mais o coração. Mesmo que a cabeça se recuse a pensar. Não pode parar. E ninguém o pode puxar montanha acima. Terão que ser as suas pernas, fracas - às vezes fugindo às ordens do coração que exige uma pausa para descanso -, a levá-lo.
Quem distribuiu "medalhas" de lata e "cartões vermelhos" directos - estranha esta última simbologia, numa imagem umbilicalmente ligada ao desporto "rei"... - terá percebido isto?
Quem não leu a entrevista do Zé, hoje, n'A BOLA, talvez ainda vá a tempo de comprar o jornal. Não vale a pena tentar noutro qualquer que hoje só há uma entrevista com o Zé.
Lêem-na com atenção e sintam o que o Zé sentiu. Vejam como se sente a mágoa que lhe vai na alma mas, ao mesmo tempo, sinta-se a honestidade das suas palavras. E como não arranja desculpas nem foge com o "rabo à seringa". Esteve, naqueles momentos em que falou com o jornalista, como nos habituou a estar tanto no ciclismo como na vida. Enorme.
Daqui, deste cantinho sem pretenções, mando-te um grande e apertado abraço, Zé. E o meu agradecimento por tudo o que tens feito. Pelo País, por todos nós...
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4 comentários:
Criticar José Azevedo não significa amesquinhá-lo ou beliscar o profissionalismo dele. Dizer que ele fez uma grande corrida e agradecer-lhe é que, na minha opinião, é quase insultuoso. É quase como dizer-lhe: "Coitadinho, não pudeste ir mais além!".
A verdade é que o José Azevedo nem é um coitadinho nem um grande ciclista de nível internacional. É um ciclista jeitoso, que se limitou a aguentar no grupo dos primeiros enquanto pôde e a tentar fazer com que as perdas de tempo não fossem muito substanciais. Foi mal sucedido nas etapas principais. Falhou o seu objectivo para este "Tour". Onde está o drama? Todos falham. Dizê-lo com todas as letras é ofensivo para o José Azevedo? Não me parece. No tempo da "outra senhora" é que as verdades eram ofensivas.
Ok, José Carlos
vamos lá ver se desenleamos este novelo que, aparentemente (não foste só tu a cha,ar-me a atenção), "enrolei" neste artigo.
Se escrevo "Obrigado por TUDO o que fizeste...", não deve ser lido como "... o que fizeste NESTE Tour". A mim pareceu-me claro mas é evidente que para a maioria estará demasiado viva a memória presente.
O facto de o Zé Azevedo pertencer a um restrito grupo de corredores no qual ainda há quem aponte como candidato à vitória num Tour, e, bem mais importante do que isso, o facto dele já ter conseguido lugares prestigiantes, no Tour e noutras corridas, em 2006 e em anos passados, é, para mim, mais do que suficiente para lhe agradecer por TUDO o que fez, ainda por cima numa altura em que são muitos- e nem todos com "bagagem" reconhecida para o fazer - os que se apostaram em "agarrar-se" ao 19.º lugar (como se ficar entre os 20 melhores num Tour fosse uma coisa vulgar) deste ano e ao facto de ele ter colocado como objectivo o colocar-se entre os 10 primeiros para o zurzir.
Se vamos por este caminho, teremos, no futuro - a começar já na Volta a Portugal -, muita coisa e muita gente a quem distribuir "cartões vermelhos" e "expulsões".
Se há 17 equipas e, pelo menos todos os responsáveis vão apresentar como objectivo o "ganhar uma etapa"... e como só há dez etapas, há sete que têm grandes hipóteses de serem "cartonados".
Por estas e por outras - embora eu já o desconfiasse - é que percebo agora a razão pela qual um dos portugueses com uma carreira das mais sem mácula que se possa imaginar não mereceu - nem merece ainda - por parte dos seus compatriotas o mínimo dos reconhecimentos. É que ele não ganhou nada. Fálo do Orlando Rodrigues, peça chave na estratégia da Banesto, fosse qual fosse - e ainda foram alguns - os chefes-de-fila para quem teve de trabalhar.
Mas nós, um povo "habituado" a ganhar tudo o que nos aparece à frente, não aceitamos nem perdoamos a quem "não cumpre os seus próprios objectivos".
Em relação à questão dos "objectivos" creio estar tudo dito, pelo próprio José Azevedo, ontem na entrevista a A BOLA e hoje, noutra entrevista, desta vez nas páginas d'O JOGO.
Se ele diz que falhou no seu objectivo, tudo o resto é chover no molhado.
Quem conhece o José Azevedo, sabe que ele é incapaz de esconder aquilo que seja, não é por acaso que toda a gente o considera de um homem com H muito, mas muito grande, eu diria mais, não só o H mas todas as restantes letras.
Não tive a opurtunidade de ontem conseguir adquirir A Bola, mas li todas as entrevistas que o nosso Zé foi dando ao enviado de A Bola durante todas as etapas do Tour, e por isso nada me surpreende aquilo que ele diz sobrer os objectivos traçados e que não foram atingidos.
Nas reportagens que fomos lendo diariamente, mesmo naquelas que mais se esperava dele, ele sempre foi honesto, frontal e acima de tudo dizia o que lhe ia na alma, e quando não dá mais, não dá mais mesmo, é assim o nosso Zé.
O nosso Zé tem um estatuto no ciclismo que o poderiam fazer encontrar desculpas para isto e para aquilo, o nosso Zé é um nome grande do ciclismo, neste momento o nosso maior em Portugal, estatuto esse que o poderiam levar a vedetismos exarcebados e com isso não reconhecer um fracasso que recaiu sobre esta sua participação. Isto porque à partida quase todos os grandes nomes foram excluidos por causa da operação Puerto, e com isso o nosso Zé ganhou ainda mais um estatuto de potencial vencedor, ou até mesmo de um top 3, mas tal não aconteceu, o nosso Zé esteve menos bem, bem como a equipa que esteve com ele.
Nem tudo foi tão mau como possamos pintar, 19º lugar não é para todos, chegar sempre ao fim de todos os Tours que participou, estar em duas vitorias do mitico Armstrong, só está ao nivel de grandes campeões, o nosso Zé é um campeão, por isso:
Obrigado Zé por tudo o que tens feito e trazido de bom para o nosso ciclismo.
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