TESOURINHOS "DESENTERRADOS" - XIII
Ainda há pouco, na etapa anterior - mesmo a fechar - me referi a uma das duas grandes equipas transtaganas que já andou pelo pelotão nacional.
Volto à Alentejana.
Quando scannei este Tesourinho, não tive o cuidado de ver a data do jornal.
Mas também não é relevante.
Já n'A BOLA apareceu como... Tesourinho, na página do Cautchú.
Na foto de cima, quem aparece de amarelo é o Juanmi Mercado, que não venceu nenhuma, logo, não me ajuda a descobrir a data; na de baixo, TINHA quase a certeza que ERA o Adelino Teixeira, então no Sporting, pelo que SERIA de 1985. Mas a mensagem de um amigo garante-me que é o Eduardo Correia que também corria no Sporting e no mesmo ano ganhou o prémio do Combinado!... Também não sei se este pódio é o final... pode ter sido a meio da corrida. Numa qualquer etapa.
Ficam abertas as apostas...
De resto, não há nada a alterar...
A legenda diz tudo, mas eu quero aqui subescrevê-la.
Nestas provas vincadamente regionais perde-se a oportunidade que é oferecida pela CS, nomeadamente através das fotos (como é o caso) ou, de há alguns anos a esta parte, pela televisão - mesmo que seja em compactos exibidos 15 dias depois -, de se acrescentar qualquer coisa que a identifique de imediato.
Exemplo: olhem para estas duas fotos.
Na primeira, olhando para o cenário atrás dos corredores consegue-se perceber que é a Volta ao Alentejo. Aumenta-se o tamanho, tenta-se melhorar a definição da foto e... chega-se lá.
Na segunda, olha-se e diz-se: olha uma foto antiga da Volta ao Alentejo.
Mesmo sem que nem uma única referência escrita esteja à vista.
Onde é que está a diferença?
Em 1985, apesar de todo o País, onze anos após a Revolução dos Cravos, estar em estado de explosão, tentando-se ganhar, no mais curto espaço de tempo, todo o tempo que o tempo do famigerado "orgulhosamente sós" nos tinha roubado, ainda não se tinha vergonha, não de o ser, mas de... parecer Alentejano.
(Mas atenção, isto é válido para todas as regiões do País.)
E os pódios da Volta ao Alentejo mostravam... Alentejo.
Na primeira foto, nem as meninas são alentejanas!
Voltando à legenda que vai aqui ao lado, abaixo das fotos, compreendo que hoje se prefira a calça justa (ou uns mini-calções) e a t'shirt quanto mais curta melhor. Quero dizer... compreender, não compreendo, porque isso é o que se vê a toda a hora, em todo o lugar. Mudam as cores e as estampagens nas t'shirts, consoante o patrocinador, mudam, às vezes, as meninas.
Não é isso que me incomoda (como poderia incomodar? apesar de não ter chegado ainda à idade de me "babar" a olhar para os corpos perfeitos das novas... hospedeiras), incomoda-me é que... se percam oportunidades para vincar o regionalismo das corridas. E eu continuo a dizer que é por aí que temos que ir. Regionalizando, corridas e equipas.
Ou o fim chegará muito mais depressa do que estamos todos à espera.
E, vendo esta dupla foto, obriguei as minhas pequenas células cinzentas (ando a ver a colecção de filmes do Poirot) a um exercício mais apurado e - que raio de coisa! - dentro daquelas corridas a que assistimos com maior facilidade - as que acontecem em Espanha - consegui num fragmento de segundo lembrar-me de três que fazem questão de fazer subir ao pódio algo que é "marca registada" da sua região.
Concentrem-se.
Na Volta às Astúrias ao vencedor da etapa é posta a montera, barrete típico do homem rural asturiano até á primeira metade do século passado;
Na Volta ao País Basco e na Bicicleta Basca... lá está a reconhecidíssima boina basca;
Na Volta à Andaluzia aparece o tradicional chapéu de aba redonda, que nos faz lembrar os ganaderos, na região espanhola onde a fiesta brava tem maior impacto.
Lembro-me que, em 1996 - por iniciativa do super-activo Teixeira Correia -, antes da partida de uma etapa que começou em Cuba lá apareceu o Miguel Induráin com o tradicional chapéu preto alentejano. A cena repetiu-se em 2000, quando da apresentação da então nóvel Porta da Ravessa-CC Redondo, exactamente nesta vila alentejana quando se fotografou todo o plantel de chapéu preto na cabeça (a minha mania de guardar tudo, proporciona-me a hipótese de vos mostrar isso mesmo, scannando a capa da revista de apresentação).
Se calhar não fui tão objectivo quanto o queria, mas acho que o essencial da mensagem é perceptível. Quando nem os locais já se lembram de como vestiam e viviam há 40 anos... aproveitem-se estas ocasiões para deixar uma marca regional.
Não cobro nada pela ideia.
Na próxima Volta ao Alentejo... que haja um chapéu preto para pôr na cabeça de cada um dos vencedores das etapas. E, se fôr possível... uns "chavelhos". Acho que só no Alentejo se usava os cornos de boi como recepiente de transporte, pelos trabalhadores do Campo - que eram quase todos - do azeite e do vinagre para temperarem as mínguas refeições que, no Verão, eram... vinagradas ao almoço e vinagradas ao jantar.
* Vinagrada é um típico prato do Baixo Alentejo (ligeiramente diferente do gaspacho) que é feito com aquilo que era mais fácil de encontrar: Um prato (grande) cheio e água, o mais fresca possível, pão (duro, que só se podia comer assim, molhado), tomate e pepino, temperado com sal, azeite e vinagre.
5 comentários:
Penso que a foto de cima é na Volta a Portugal de 2001... mas isso pouco importa para a mensagem do artigo.
Errado!
Vê-se perfeitamente a palavra ALENTEJO, várias vezes, pode-se perceber Região de Turísmo da Planície Dourada, em baixo, no lado esquerdo; no lado direito está o simbolo da Região de Turismo da Costa Azul, que englobava quatro concelhos alentejanos... e a camisola verde é patrocinada pelas Aurtarquias do Alentejo!!!
Para além da minha palavra!
É da Volta ao Alentejo!
Claro, Manuel. Eu queria dizer Volta ao Alentejo de 2001. Enganei-me ;)
Manuel,
Presumo que tenha sido no final da 3ª etapa da Volta ao Alentejo de 2001, (Montemor-o-Novo - Portalegre, 183.1 km - 6 de Julho de 2001) já que venceu essa etapa e vestiu a amarela nesse dia.
O ciclista de Armilha acabou por perder a Alentejana no último dia, depois de um crono que ligou o Redondo a Évora numa distância de 34 Kms.
Já agora, esse crono foi ganho pelo Sr. Laszlo Bodrogi da Mapei, que "só" deu 1,04 ao Joaquim Andrade que foi 2º na etapa.
O Mercado perdeu 3,40 nessa tirada, e o húngaro da Mapei-Quick Step levou a amarela para casa.
Cândido Barbosa, então na iBanesto.com, foi o segundo a 0,15 de Laszlo Bodrogi.
Está confirmadísssimo isso mesmo que dizes Nuno. Obrigado pela ajuda e um abraço.
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