MAS É QUE NÃO PODEM MESMO SER OLHADOS ASSIM...
É um dos assuntos do momento, no que respeita ao noticiário do Ciclismo em Portugal. A Associação Nacional de Equipas de Ciclismo Profissional (ANECP) já manifestou, pelo que li, a discordância em relação à presença na Volta de equipas – espanholas, claro – em cujo plantel estão incluídos Corredores presumivelmente implicados na Operação Puerto.
Parece-me que não é mais do que chover no molhado. Mas, antes disso, parece-me, francamente, uma atitude que raia o absurdo. Assim à laia do “não temos ideias novas mas passem lá a mensagem de que… existimos”.
É muito complexo este tema. Tão complexo que nem eu – passe a imodéstia – consigo produzir uma opinião que não vá além do que é o mais lógico. Vou repetir-me pela enésima vez: temos de acreditar que as autoridades espanholas estão, de facto, interessadas em contribuir para a real implementação da verdade desportiva mas, se passados todos estes meses não conseguiram produzir provas que incriminem seja quem fôr, ninguém – nem a ANECP – tem o direito de presumir sequer que corredores que obtiveram a sua licença para competirem possam ser alvo de boicotes. Não faz sentido. Quem somos nós afinal?
Para além do facto de ser perigosamente pernicioso entrar por esse caminho.
A maioria das equipas portuguesas já teve que ultrapassar a crítica situação de ver corredores seus impedidos de correr. Então em que ficamos?
É evidente que eu, pessoalmente, acho que a tal resolução não serviu para mais que não fosse o tal abanar da bandeira a que juntaram o grito do “nós também existimos”.
Tudo bem.
Ao fim de muitos anos – veja-se a data do recorte que junto – em que a ANECP existiu sem existir, nunca houve a coragem de se avançar para medidas paralelas, no que respeita a casos acontecidos aqui, em Portugal.
E volto ao argumento de sempre: as entidades a quem compete exercer o juízo, no campo desportivo-disciplinar já se pronunciaram sobre a culpa de alguém? Não, pois não? Então que peso tem a ANECP para vir a público tentar impôr seja o que fôr? Nenhum. Ponto final.
Há cerca de um ano – mesmo sabendo o que sei e é muito mais do que aquilo que escrevo – aplaudi a decisão da Organização da Volta a Portugal em manter o convite à então denominada Comunitat Valenciana. Pese embora, depois de o Tour lhe ter retirado o convite, também a Vuelta lhes ter negado a participação.
As coisas têm que seguir uma linha legal, sob a pena de quem pretender substituir-se aos organismos existentes e que não servem para mais do que isso, se pronunciarem sobre o impedimento de quem quer que seja.
Aliás, ainda não há muitos dias que aqui escrevi ter tido conhecimento de que Roberto Heras deverá ser corredor da Relax-GAM na próxima temporada. Quem é que tem alguma coisa contra? Foi apanhado em falso, “julgado” por quem de direito e castigado. O castigo termina este ano. Quem é que terá a coragem de negar ao homem o direito – cumprida que está a pena – de continuar a exercer a profissão que escolheu há muito?
Dou dois exemplos e espero que percebam o que vou escrever.
A grande Maia, de 2002 a 2005, é um exemplo paradigmático. Recorreu a alguns corredores que tinham tido problemas mas que haviam cumprido as respectivas penas. Möller, Jeker, Del Olmo…
O terceiro nunca tive a oportunidade de conhecer muito bem. O segundo era um homem com alguns problemas de personalidade, mas em relação ao Claus Möller, esse sim, conheço bem, é um profissional íntegro. Que um dia teve o azar de se ver envolvido num problema de doping. Cumpriu o castigo e, graças à superior visão do Manel Zeferino que, de certeza, pensa como eu, foi recuperado para a modalidade. Ainda bem. É um Corredor com “C” grande. Um exemplo de modéstia, de uma humanidade que pode servir de exemplo aos mais jovens.
Que lhe teria acontecido se esta “bendita” ANECP já existisse nessa altura?
E depois fica a triste imagem de que tudo não passa de uma velada confissão de cobardia desportiva.
Implicitamente, as equipas nacionais – e nenhuma se demarcou daquela decisão – têm MEDO de corredores como Oscar Sevilla ou Paco Mancebo. Eu acho que não têm razão para isso. A não ser que estejamos, sem que eu o tenha percebido, a sofrer de uma franconização. Usar tudo o que for utilizável para afastar os melhores corredores de forma a que a vitória não fuja a um português.
Claro que a Federação Portuguesa de Ciclismo nada pode fazer; claro que a Associação Portuguesa dos Corredores Profissionais é contra.
Neste caso concreto, a notícia de que falei é relevante.
Mostra ao público aficionado a posição de cada uma das partes. Cabe a este irar as devidas ilações.
A ANECP não tem personalidade jurídica para “escolher” quem pode ou não correr, nem a Volta, nem qualquer outra prova. Empenhe-se, isso sim, de forma a que não tenhamos “casos” com associadas suas.
De resto, deixem correr o espectáculo. Deixem que possamos ter no pelotão – na Volta, e no que respeita a este caso – nomes sonantes, nomes que, na possibilidade de virem a ganhar, até darão outra dimensão à Volta.
Parece-me que não é mais do que chover no molhado. Mas, antes disso, parece-me, francamente, uma atitude que raia o absurdo. Assim à laia do “não temos ideias novas mas passem lá a mensagem de que… existimos”.
É muito complexo este tema. Tão complexo que nem eu – passe a imodéstia – consigo produzir uma opinião que não vá além do que é o mais lógico. Vou repetir-me pela enésima vez: temos de acreditar que as autoridades espanholas estão, de facto, interessadas em contribuir para a real implementação da verdade desportiva mas, se passados todos estes meses não conseguiram produzir provas que incriminem seja quem fôr, ninguém – nem a ANECP – tem o direito de presumir sequer que corredores que obtiveram a sua licença para competirem possam ser alvo de boicotes. Não faz sentido. Quem somos nós afinal?
Para além do facto de ser perigosamente pernicioso entrar por esse caminho.
A maioria das equipas portuguesas já teve que ultrapassar a crítica situação de ver corredores seus impedidos de correr. Então em que ficamos?
É evidente que eu, pessoalmente, acho que a tal resolução não serviu para mais que não fosse o tal abanar da bandeira a que juntaram o grito do “nós também existimos”.
Tudo bem.
Ao fim de muitos anos – veja-se a data do recorte que junto – em que a ANECP existiu sem existir, nunca houve a coragem de se avançar para medidas paralelas, no que respeita a casos acontecidos aqui, em Portugal.
E volto ao argumento de sempre: as entidades a quem compete exercer o juízo, no campo desportivo-disciplinar já se pronunciaram sobre a culpa de alguém? Não, pois não? Então que peso tem a ANECP para vir a público tentar impôr seja o que fôr? Nenhum. Ponto final.
Há cerca de um ano – mesmo sabendo o que sei e é muito mais do que aquilo que escrevo – aplaudi a decisão da Organização da Volta a Portugal em manter o convite à então denominada Comunitat Valenciana. Pese embora, depois de o Tour lhe ter retirado o convite, também a Vuelta lhes ter negado a participação.
As coisas têm que seguir uma linha legal, sob a pena de quem pretender substituir-se aos organismos existentes e que não servem para mais do que isso, se pronunciarem sobre o impedimento de quem quer que seja.
Aliás, ainda não há muitos dias que aqui escrevi ter tido conhecimento de que Roberto Heras deverá ser corredor da Relax-GAM na próxima temporada. Quem é que tem alguma coisa contra? Foi apanhado em falso, “julgado” por quem de direito e castigado. O castigo termina este ano. Quem é que terá a coragem de negar ao homem o direito – cumprida que está a pena – de continuar a exercer a profissão que escolheu há muito?
Dou dois exemplos e espero que percebam o que vou escrever.
A grande Maia, de 2002 a 2005, é um exemplo paradigmático. Recorreu a alguns corredores que tinham tido problemas mas que haviam cumprido as respectivas penas. Möller, Jeker, Del Olmo…
O terceiro nunca tive a oportunidade de conhecer muito bem. O segundo era um homem com alguns problemas de personalidade, mas em relação ao Claus Möller, esse sim, conheço bem, é um profissional íntegro. Que um dia teve o azar de se ver envolvido num problema de doping. Cumpriu o castigo e, graças à superior visão do Manel Zeferino que, de certeza, pensa como eu, foi recuperado para a modalidade. Ainda bem. É um Corredor com “C” grande. Um exemplo de modéstia, de uma humanidade que pode servir de exemplo aos mais jovens.
Que lhe teria acontecido se esta “bendita” ANECP já existisse nessa altura?
E depois fica a triste imagem de que tudo não passa de uma velada confissão de cobardia desportiva.
Implicitamente, as equipas nacionais – e nenhuma se demarcou daquela decisão – têm MEDO de corredores como Oscar Sevilla ou Paco Mancebo. Eu acho que não têm razão para isso. A não ser que estejamos, sem que eu o tenha percebido, a sofrer de uma franconização. Usar tudo o que for utilizável para afastar os melhores corredores de forma a que a vitória não fuja a um português.
Claro que a Federação Portuguesa de Ciclismo nada pode fazer; claro que a Associação Portuguesa dos Corredores Profissionais é contra.
Neste caso concreto, a notícia de que falei é relevante.
Mostra ao público aficionado a posição de cada uma das partes. Cabe a este irar as devidas ilações.
A ANECP não tem personalidade jurídica para “escolher” quem pode ou não correr, nem a Volta, nem qualquer outra prova. Empenhe-se, isso sim, de forma a que não tenhamos “casos” com associadas suas.
De resto, deixem correr o espectáculo. Deixem que possamos ter no pelotão – na Volta, e no que respeita a este caso – nomes sonantes, nomes que, na possibilidade de virem a ganhar, até darão outra dimensão à Volta.
4 comentários:
Hummm... eu acho que não entendi muito bem. A ANECP só é contra a participação de equipas que empreguem ciclistas presumivelmente implicados na Operação Puerto ou também é contra a participação de qualquer equipa que empregue ciclistas que presumivelmente... sei lá... mera suposição... tenham andado a tentar fugir aos controlos do CNAD?
... o que a mim me deixa com alguma "comichão". Será... medo? Falta de confiança... nos seus próprios Corredores?
Mas S., o que eu não aceito de maneira nenhuma é a ostracização que se adivinha em relação a quem, tendo cumprido castigo, "pagou a sua dívida para com a Sociedade".
Eu começo a achar que anda por aí muita gente que - apesar de todas as evidências - ainda não percebeu que este tipo de hipocrisia não é bem vista pelo público e não é engolida da maneira esperada...
Atenção
Olá Madeira ouve uma equipa que se demarcou, pois foi a única a não votar por estar contra e que teve oportunidade de o expressar nessa mesma reunião, tendo mesmo quase sido impedido de falar e ser acusado de querer só protagonismo. Sei do que falo porque fui o único que estive contra tal decisão, e como a outra do código de ética do qual sou contra por muitas e variadas razões
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