QUEM QUER GANHAR A VOLTA
NÃO ESTÁ ISENTO DA RESPONSABILIDADE
DE AJUDAR A PERSEGUIR
O ano passado tivemos na Volta uma situação que, se não foi original – numa corrida de 10 dias – não terá muitos casos paralelos. Dez etapas, nove vencedores, nove líderes diferentes… mudança de Camisola Amarela todos os dias.
Este ano isso já não acontecerá mas pudemos hoje assistir a uma etapa de puro espectáculo.
E nada o fazia prever.
De facto, e confirmando, de alguma forma, o que aqui já previra, a corrida irá ser condicionada pela pequena realidade portuguesa. Sem nada de perjurativo. É assim. Teremos que o aceitar.
E eu explico-o com os mesmos argumentos que já utilizei. As equipas são, naturalmente, desenhadas para consumo interno. Não há hipóteses de acontecerem grandes mudanças.
Somos um País pequeno, com um calendário a dar para o pobre e, com plantéis de dez… doze corredores, tentando sempre, cada uma das equipas, em termos de especialistas, ter um por cada uma das especialidades. Pelo menos algum que possa, em cúmulo de situação a favor, poder garantir aquilo que todos desejam: uma vitória.
E é, dentro deste estreito espectro, que cada um dos Directores-desportivos tem, no momento, que decidir, na hora, o que fazer.
É, de facto – o João Pedro Mendonça (RTP) é um adepto confesso – uma alternativa ao jogo de xadrez.
Estou a tentar cavar alicerces onde sustentar a minha teoria.
Hoje, a primeira etapa da Volta 59, que muitos pensariam não vir acrescentar nada à história da prova, começou dentro da normalidade. Uma fuga, creio que logo aos três quilómetros e que em três pedaladas ganhou dois minutos, encaixava perfeitamente naquilo que era o mais previsível.
E o grupo dos sete fugitivos foi ganhando tempo até muito perto dos sete minutos. A altura em que a RTP começou a dar a etapa em directo.
Apesar de tudo, há-de existir o receio de que uma fuga que, em teoria, nada poderá acrescentar à história da corrida, possa pegar.
E chegamos à questão fulcral.
Quem é que assume a perseguição?
Este ano isso já não acontecerá mas pudemos hoje assistir a uma etapa de puro espectáculo.
E nada o fazia prever.
De facto, e confirmando, de alguma forma, o que aqui já previra, a corrida irá ser condicionada pela pequena realidade portuguesa. Sem nada de perjurativo. É assim. Teremos que o aceitar.
E eu explico-o com os mesmos argumentos que já utilizei. As equipas são, naturalmente, desenhadas para consumo interno. Não há hipóteses de acontecerem grandes mudanças.
Somos um País pequeno, com um calendário a dar para o pobre e, com plantéis de dez… doze corredores, tentando sempre, cada uma das equipas, em termos de especialistas, ter um por cada uma das especialidades. Pelo menos algum que possa, em cúmulo de situação a favor, poder garantir aquilo que todos desejam: uma vitória.
E é, dentro deste estreito espectro, que cada um dos Directores-desportivos tem, no momento, que decidir, na hora, o que fazer.
É, de facto – o João Pedro Mendonça (RTP) é um adepto confesso – uma alternativa ao jogo de xadrez.
Estou a tentar cavar alicerces onde sustentar a minha teoria.
Hoje, a primeira etapa da Volta 59, que muitos pensariam não vir acrescentar nada à história da prova, começou dentro da normalidade. Uma fuga, creio que logo aos três quilómetros e que em três pedaladas ganhou dois minutos, encaixava perfeitamente naquilo que era o mais previsível.
E o grupo dos sete fugitivos foi ganhando tempo até muito perto dos sete minutos. A altura em que a RTP começou a dar a etapa em directo.
Apesar de tudo, há-de existir o receio de que uma fuga que, em teoria, nada poderá acrescentar à história da corrida, possa pegar.
E chegamos à questão fulcral.
Quem é que assume a perseguição?
E é uma a decepção – pelo menos para mim, que já andei década e meia no pelotão – quando se percebe que, de facto, e nem é falta de coragem, é laxismo mesmo, qualquer coisa muito perto da falta de desportivismo, há equipas que não colaboram.
Ok… era apenas a primeira etapa. Mas nem o caracol, uma vez lançado ao caminho, volta a recolher-se na casca.
Ninguém ajudou a DUJA-Tavira na primeira metade da etapa. Como se mais ninguém tivesse objectivos. Como se não soubessem que ainda há quem de Ciclismo perceba alguma coisa e não possa, em consciência, deixar de apontar estas atitudes anti-desportivas
Calma! Já explico.
Ok… era apenas a primeira etapa. Mas nem o caracol, uma vez lançado ao caminho, volta a recolher-se na casca.
Ninguém ajudou a DUJA-Tavira na primeira metade da etapa. Como se mais ninguém tivesse objectivos. Como se não soubessem que ainda há quem de Ciclismo perceba alguma coisa e não possa, em consciência, deixar de apontar estas atitudes anti-desportivas
Calma! Já explico.
Deixem-me tentar perceber o que irá na cabeça dos directores-desportivos das equipas nacionais quando acham que é mais fácil deixar uma fuga ir além dos dez minutos – para depois pôr os seus homens a trabalhar a fundo – ou mandar dar um bocadinho mais às pernas e manter os fugitivos entre os três e os cinco minutos.
Eu acho que é algo que terá ver com um não sei quê de masoquismo.
Assim, acompanhando a corrida à distância, é um bocado mais difícil perceber o que realmente estará a acontecer.
A verdade é que, pouco tempo depois de a transmissão da RTP entrar no directo, e quando o repórter-moto (este ano o meu grande amigo Alexandre Santos) nos dava a perspectiva de um dos Directores-desportivos com mais responsabilidades, eu torci o nariz.
A pergunta posta “convidava” a que a resposta fosse o assumir das responsabilidades que tem, mas Américo Silva (Liberty Seguros) ficou-se por um insonso… “Parece que a Duja-Tavira não está a ser capaz de encurtar a distância…”
Muito à portuguesa.
Não tenho nada a ver com isso…
E se a fuga, por exemplo – eu sei que é apenas um exemplo académico – chegasse aos 15… 20 minutos de vantagem? Será que ia ser muito difícil a algumas das equipas representadas defender depois essa vantagem? Bastava-lhe não puxar mais, em nenhuma ocasião, pelo pelotão.
Mas o Américo ainda deixou uma clara indirecta… “O Cândido já está com 32 anos, há equipas com sprinter mais novos…”
Ouviu, professor José Santos? Pois é!
Mas o Manel Cardoso ficou à frente do Cândido, provando que, sendo mais novo, é mais forte.
Na verdade, não gostei das declarações do Américo.
Ficou a parecer que a sua equipa não tem objectivos. Eu sei que tem… expliquei-me mal. Parece que não TEM QUE TRABALHAR para garantir os seus objectivos.
Mas, estava ainda a digerir estas declarações quando, de repente, e numa iniciativa do Benfica, que jogou à internacional – o Orlando sabe mais do que aquilo que julgam que ele sabe - e, tanto o Américo como o Zeferino, estiveram à beira de um ataque de nervos! O pelotão foi dizimado.
Um pouco de vento, uma aceleração inesperada e, quem achava que a DUJA-Tavira não estava a ter pernas para anular a fuga, viu-se, de repente na contingência de dar ao pedal. Mas a sério.
Foi um dos mais bonitos momentos de Ciclismo a que pudemos todos assistir nos últimos anos. E, ignorando as cores dos equipamentos, e desligando o som da televisão, poderíamos pensar que estávamos a ver uma etapa do Giro, da Vuelta ou do Tour.
Apanhados de surpresa, Américo Silva teve de “engolir” aquilo de a DUJA-Tavira não ter pernas e dar corda aos seus homens de forma a colocarem o Cândido Barbosa no grupo da frente. O que conseguiu, mas não sem que fique, desde agora, uma pequena factura para pagar.
Pior ainda se sentiu o Manel Zeferino. Embora com João Cabreira, Bruno Pires e Pedro Cardoso no grupo da frente – nesta altura, contudo, os sete fugitivos continuavam a liderar a corrida – viu o Xavier Tondo ficar colado no segundo grupo.
Na frente… o Benfica impunha o ritmo e chegou a parecer que a reunião seria impossível. Mas, à custa de muitas energias que já estavam na prateleira para só serem usadas nos próximos dias, a Liberty lá conseguiu levar o Cândido ao grupo da frente. E depois tiveram que parar para recuperar a respiração.
Quem não podia parar era Manuel Zeferino que, logo no primeiro dia, teve de pôr toda a carne no assador. Mandou que os seus homens que iam no grupo da frente se deixassem ficar, descaindo, para, à imagem daquilo que o Benfica fazia na frente – quase um crono por equipas, arrastando toda a gente – imitassem depois um contra-relógio colectivo de forma a recolar Tondo. O que também veio a conseguir.
Mas ninguém estaria à espera de tanto trabalho logo no primeiro dia de estrada.
Até que aconteceu o inesperado. Também, se fosse esperado… retirava toda a emoção à corrida. Depois do trabalho enorme que fizera – e que, com a ajuda de mais uma equipa ou duas, teria reduzido já hoje, o lote de candidatos a metade – o Benfica, quando os principais rivais já haviam recolado… vê o seu sprinter furar.
Quer dizer, depois de ter dinamitado a corrida, de ter ficado a um tudo nada assim… só… a esta distânciazinha de se ver numa posição privilegiada, os comandados de Orlando Rodrigues, quando já era certo que a chegada, afinal de contas e apesar de tudo, seria discutida ao sprint, ficou sem sprinter!
Foi demasiado penalizador para os encarnados.
Mas, no final de contas, quem ganhou foi um italiano.
Assim, acompanhando a corrida à distância, é um bocado mais difícil perceber o que realmente estará a acontecer.
A verdade é que, pouco tempo depois de a transmissão da RTP entrar no directo, e quando o repórter-moto (este ano o meu grande amigo Alexandre Santos) nos dava a perspectiva de um dos Directores-desportivos com mais responsabilidades, eu torci o nariz.
A pergunta posta “convidava” a que a resposta fosse o assumir das responsabilidades que tem, mas Américo Silva (Liberty Seguros) ficou-se por um insonso… “Parece que a Duja-Tavira não está a ser capaz de encurtar a distância…”
Muito à portuguesa.
Não tenho nada a ver com isso…
E se a fuga, por exemplo – eu sei que é apenas um exemplo académico – chegasse aos 15… 20 minutos de vantagem? Será que ia ser muito difícil a algumas das equipas representadas defender depois essa vantagem? Bastava-lhe não puxar mais, em nenhuma ocasião, pelo pelotão.
Mas o Américo ainda deixou uma clara indirecta… “O Cândido já está com 32 anos, há equipas com sprinter mais novos…”
Ouviu, professor José Santos? Pois é!
Mas o Manel Cardoso ficou à frente do Cândido, provando que, sendo mais novo, é mais forte.
Na verdade, não gostei das declarações do Américo.
Ficou a parecer que a sua equipa não tem objectivos. Eu sei que tem… expliquei-me mal. Parece que não TEM QUE TRABALHAR para garantir os seus objectivos.
Mas, estava ainda a digerir estas declarações quando, de repente, e numa iniciativa do Benfica, que jogou à internacional – o Orlando sabe mais do que aquilo que julgam que ele sabe - e, tanto o Américo como o Zeferino, estiveram à beira de um ataque de nervos! O pelotão foi dizimado.
Um pouco de vento, uma aceleração inesperada e, quem achava que a DUJA-Tavira não estava a ter pernas para anular a fuga, viu-se, de repente na contingência de dar ao pedal. Mas a sério.
Foi um dos mais bonitos momentos de Ciclismo a que pudemos todos assistir nos últimos anos. E, ignorando as cores dos equipamentos, e desligando o som da televisão, poderíamos pensar que estávamos a ver uma etapa do Giro, da Vuelta ou do Tour.
Apanhados de surpresa, Américo Silva teve de “engolir” aquilo de a DUJA-Tavira não ter pernas e dar corda aos seus homens de forma a colocarem o Cândido Barbosa no grupo da frente. O que conseguiu, mas não sem que fique, desde agora, uma pequena factura para pagar.
Pior ainda se sentiu o Manel Zeferino. Embora com João Cabreira, Bruno Pires e Pedro Cardoso no grupo da frente – nesta altura, contudo, os sete fugitivos continuavam a liderar a corrida – viu o Xavier Tondo ficar colado no segundo grupo.
Na frente… o Benfica impunha o ritmo e chegou a parecer que a reunião seria impossível. Mas, à custa de muitas energias que já estavam na prateleira para só serem usadas nos próximos dias, a Liberty lá conseguiu levar o Cândido ao grupo da frente. E depois tiveram que parar para recuperar a respiração.
Quem não podia parar era Manuel Zeferino que, logo no primeiro dia, teve de pôr toda a carne no assador. Mandou que os seus homens que iam no grupo da frente se deixassem ficar, descaindo, para, à imagem daquilo que o Benfica fazia na frente – quase um crono por equipas, arrastando toda a gente – imitassem depois um contra-relógio colectivo de forma a recolar Tondo. O que também veio a conseguir.
Mas ninguém estaria à espera de tanto trabalho logo no primeiro dia de estrada.
Até que aconteceu o inesperado. Também, se fosse esperado… retirava toda a emoção à corrida. Depois do trabalho enorme que fizera – e que, com a ajuda de mais uma equipa ou duas, teria reduzido já hoje, o lote de candidatos a metade – o Benfica, quando os principais rivais já haviam recolado… vê o seu sprinter furar.
Quer dizer, depois de ter dinamitado a corrida, de ter ficado a um tudo nada assim… só… a esta distânciazinha de se ver numa posição privilegiada, os comandados de Orlando Rodrigues, quando já era certo que a chegada, afinal de contas e apesar de tudo, seria discutida ao sprint, ficou sem sprinter!
Foi demasiado penalizador para os encarnados.
Mas, no final de contas, quem ganhou foi um italiano.
Daqueles em que ninguém apostaria porque dele nada se sabe.
(Provavelmente amanhã lerei algures que alguém já adivinhara a vitória do Grilo que conhece de jingeira, desde pequenino… a ver vamos.)
Mas pronto… e apesar dos vários sustos, e apesar do regresso da ameaça italiana – seis, nos primeiros 13 da etapa -, tirando o esforço suplementar, que não esperariam, a etapa acabou por terminar dentro do padrão que se imaginara para ela.
Vamos ver o que acontece amanhã. Menos vento vai haver. De certeza.
(Provavelmente amanhã lerei algures que alguém já adivinhara a vitória do Grilo que conhece de jingeira, desde pequenino… a ver vamos.)
Mas pronto… e apesar dos vários sustos, e apesar do regresso da ameaça italiana – seis, nos primeiros 13 da etapa -, tirando o esforço suplementar, que não esperariam, a etapa acabou por terminar dentro do padrão que se imaginara para ela.
Vamos ver o que acontece amanhã. Menos vento vai haver. De certeza.
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