sexta-feira, agosto 10, 2007

776.ª etapa


QUE SEJA FEITA A SUA VONTADE...
(A dos que odeiam o Ciclismo!)

Com um espaço de curtas horas a separá-las, duas notícias marcam o dia de hoje. A alemã T-Mobile confirma a sua ligação ao ciclismo até 2010 e a estadunidense Discovery Channel anuncia o seu fim. Não o fim da sponsorização por aquele canal televisivo que nós, por cá, e quem assina um dos distribuidores de TV por cabo pode ver, mas o fim.

Que o DC terminava este ano o contrato e o não ia renovar, isso já era do conhecimento público. Que o projecto, ao qual, desde há muito, o belga Johan Bruyneel dava a cara chegava ao fim, isso é novidade.

Em relação à empresa alemã de telecomunicações, este voto de confiança no Ciclismo, no seu todo – porque em todas as áreas da sociedade há gente mais fiável e há aqueles a quem nunca compraríamos um carro –, é uma derrota para os negativistas. Aqueles que, no todo da floresta implicaram desde o início com a árvore morta e, nem que nossa senhora de fátima lhe apareça em cima da mesinha de cabeceira mudarão de ideias.

Têm a importância que se lhes queira dar.
Nenhuma. Para mim.

Cheira-me mal, por demais, a defesa quase insana da pública virtude e, normalmente, quem nisso investe tudo o que tem é porque precisa esconder vícios em privado.
Que continuem.

Com os seus vícios, porque eu não sou polícia.
Com a sua guerra santa porque essa durará o tempo que tiver de durar e que equivale ao tempo que, quem começou por os ter como referência vai demorar a descobrir que o rei… ia nú.

Agora, em relação à decisão da Tailwind Sports há, de facto, um vencedor.

Em colectivo. E esse vencedor, sem cara concreta que possamos colar num cartaz sobre a frase, “culpado pela morte de…”, são todos os franceses que, fazendo jus ao epíteto de chauvinistas começaram há três anos a tentar minar as prestações de Lance Armstrong.

E estamos – tanto no que diz respeito aos franceses, como aos torquemadazinhos domésticos – perante um caso que os compêndios da Justiça nunca preveriam. A possibilidade de diminuir, minando, minando, minando… a capacidade de um cidadão e ou (neste caso) uma instituição se poder defender.

Quando, em todas as áreas da sociedade, compete à acusação o ónus da prova, no Ciclismo, em França, com constantes acusações nunca provadas e por cá, com aprendizes de oficiais de justiça de bibe e chupeta, desde há três anos que se acusa, acusa, acusa… se levantam suspeitas aqui, ali, acolá...
Com tanta sorte (no caso doméstico) que nunca ninguém os chamou a provar o que afirmam aos quatro ventos.

O fim da Discovery Channel, enquanto nome de uma equipa de Ciclismo estava definido há 12 meses. Ainda não há muitos atrás que alguém avançou já com possíveis substitutos. Em causa estava uma equipa de Ciclismo. Com 24 Corredores, três directores-desportivos, três médicos, sete massagistas, nove mecânicos… fora o resto.

Depois das cargas desenfreadas contra Lance Armstrong… e depois de um ano de interregno, enquanto vencedores do Tour, mal a equipa voltou a ganhar – mesmo que tenha sido em condições só por si anormais – quem nem sequer sabia a data de nascimento de Alberto Contador tinha, contudo, “provas” inequívocas de que a sua vitória não pode ter sido natural. E os ataques foram impiedosamente cerrados. Alguém provou alguma coisa?

- Mas eu estou maluco ou quê? Quem é que disse que era preciso provar fosse o que fosse? É o fartar vilanagem. Puro e duro!... -

E vêm-me à memória a história do lobo e do cordeiro, com o primeiro a queixar-se que o segundo estava a sujar a água que bebia num riacho, apesar de o segundo estar a jusante do local onde ele bebia.
E a resposta de quem se julga dono da verdade: Se não foste tu… foi o teu pai.
Lembram-se desta história?

Se calhar já são do tempo da televisão. Da Heidi e do Marco…

Claro que não sabem.

Hoje, neste momento, ninguém se sentirá culpado pelo anunciado fim do grupo que vinha sendo nos últimos anos patrocinado pelo canal de televisão Discovery Channel.
Quando as coisas começam a ficar sérias, os ratos são os primeiros a abandonar o barco.

Mas Johan Bruyneel e os seus saem do Ciclismo sem que ninguém lhes possa apontar seja o que for. E a guerra vai acabar…

Os interesses dos terroristas que se introduziram no meio velocipédico virar-se-ão para outros alvos.
Eles querem mesmo é acabar com o Ciclismo.

Nunca perceberam a esmagadora maioria que derramou sangue, suor e lágrimas – seja por que ordem for – e assumiram-se, sem que ninguém lhes tenha pedido, como guardiães de uma verdade que eles próprios desconhecem.

Mas fazem barulho.
E há quem goste de se ouvir.

Mesmo que indirectamente, o Tour levou hoje uma machadada bem mais certeira do que todas as que tem vindo a levar, principalmente porque tem vindo a pôr-se a jeito.
A continuar assim, daqui a três anos o Tour será uma corrida doméstica.
E se calhar é isso o que querem.

Tudo para que um francês ganhe em França.
Por isso lhes dou ainda mais três anos.

Porque agora, e de uma vez, afastam estadunidenses e espanhóis.
Para o ano, se ganhar um italiano… sofrerá o mesmo que Contador está a sofrer.
No ano seguinte sobram os alemães que já andam no fio da navalha…

Em 2011 o Tour será corrido apenas por corredores de equipas francesas e vai ficar à responsabilidade dos DD que tenham nas suas equipas corredores de outras nacionalidades o instruirem-os sobre a forma politicamente correcta de estar na corrida.
Podem até fugir, desde que acompanhados por franceses… e que deixem ser estes os primeiros a chegar.

Mais - MUITO MAIS - do que a Operação Puerto, a saída do grupo Tailwind vai abrir novas portas ao Ciclismo mundial.

Infelizmente… é a porta dos fundos...

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