sábado, agosto 11, 2007

779.ª etapa


A SOMA DE SETE ETAPAS BONITAS…
NÃO DÁ UMA VOLTA BONITA!...
(Assumam-se!...) – II

Adivinha-se, pelo título desta(s) crónica(s) que voltei a gostar da etapa de hoje. Foi interessante… igual às demais. Com algumas partes em “ponto morto” que é como quem diz… não vale a pena pisar no acelerador, não dá mesmo mais do que a embalagem que traz.

Sinceramente… até a saída do João Cabreira (LA-MSS-Maia) me suou logo a falso!

Bonito, bonito, confesso, só mesmo o esforço do André Cardoso para defender a sua Camisola Verde no alto do Viso. Tudo o resto foi entendiatemente previsível.
Que se passa?
O pelotão conseguiu esse feito extraordinário de chegar… cansado à Volta?
Com seis ou sete corridas de cinco dias... para quem as fez?

É tão grande o respeito (para não escrever medo!) que cada uma das principais equipas tem pelas outras suas iguais?

Então é o quê?

Confesso que baixei a guarda com a chegada à anunciada surpresa que seria a chegada ao alto do Monte Córdova, junto ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção. Se uma chegada que coincidia com uma contagem de 2.ª categoria para o Prémio da Montanha foi resolvida num sprint… o resultado – independentemente dos nomes – à Senhora da Graça ficou previsível.

Entre os que realmente conhecem o mínimo sobre as características das equipas e dos seus corredores, qual foi a surpresa no desfecho da etapa de hoje?

Se o Benfica tivesse, de facto, argumentos capazes de fazer a diferença, já os teria usado e o mesmo é válido para a LA-MSS-Maia. A Liberty Seguros fica de fora destas contas porque estava numa posição bem mais confortável.

É mais fácil defender do que atacar.

A sorte das equipas – destas três equipas – portuguesas reside apenas no facto de Eládio Jimenez não ter argumentos para esgrimir no crono final.

Exactamente! Já perceberam que agora já não acredito que a Volta não venha a decidir-se apenas no crono final.

Se a subida à Torre fosse pelo lado da Covilhã…
Mas não é.
Vai ser pelo lado de Seia e não se admirem se vier a ser muito parecida com esta de hoje.
Não estou, ainda, a tecer críticas à Organização…

Eu também pensei que este traçado podia levar a pequenas revoluções entre uma etapa e outra. Ficou provado que não tem como fazer diferenças e só vejo uma solução para, no próximo ano, se tentar dar um sopro de vida à corrida.

Exactamente… transferir o crono para o meio da prova.

É que toda a gente veio a atrasar o momento-chave da corrida.

Para hoje – embora todos saibamos que a Senhora da Graça já não cava diferenças por aí além (e urge que se encontre uma alternativa) – mas principalmente para a subida da Serra da Estrela.

Que também não vai marcar diferenças significativas.

Ficou hoje demonstrado que não.

Nem a LA-MSS-Maia, nem o Benfica têm, de facto, argumentos para contrariarem o bloco da Liberty Seguros.

Revejam-se as diferenças que aconteceram, exactamente na mesma subida – quando do GP Correios de Portugal-CTT.

O 15.º a cortar a meta, então, e num dia em que as condições meteorológicas foram tudo menos fáceis, passou a linha de chegada 48 segundos depois do primeiro. O primeiro, então, foi André Vital (Madeinox-Bric-Loulé) e o 15.º… um segunda linha de uma equipa de segunda linha: Francisco Terciado, da Relax.

A Volta perdeu quase todo o interesse.
Ficamos todos à espera do crono final.
E reconheçamos que uma Volta a Portugal, com uma passagem na Serra da Estrela ao quarto dia, com uma chegada em alto, numa montanha considerada de 2.ª categoria – acho que esta etapa condicionou todas as estratégias de todas as equipas, enganando-as –, com a Senhora da Graça, com a Torre… não conseguiu apresentar dificuldades suficientes para cavar diferenças.

E o SL Benfica é o mais penalizado com tudo isto.
A equipa não fica isenta de responsabilidades…
Pagou pela inexperiência do seu director-desportivo.
E pela leitura que os OCS fizeram, desde o início, deste traçado.
Não podemos, digo eu, continuar a manter este figurino na Volta.

Até porque se corre o risco de privilegiar Corredores que optam por correr na defensiva.
Corredores e directores-desportivos.

Pode ser que para a Organização até convenha que tudo fique em aberto para a derradeira etapa, mas em nome da qualidade desportiva da corrida não se pode continuar a oferecer uma almofada, como o é o crono final, a quem teria que mostrar noutras etapas a sua superioridade.

Por acaso, e só por acaso, os mais sérios candidatos – corredores de equipas estrangeiras – acabaram por ser, também eles, enganados pelo que se escreveu sobre este traçado. Estiveram à espera dos ataques dos candidatos lusos à vitória final e… ficaram fora da corrida. Até aí, tudo bem... que se lixe...

Assumindo-me como defensor de uma vitória de um Corredor nacional.
Que, neste momento, tudo o indica que será o Cândido.
Finalmente.
E digo finalmente porque toda a Nação espera há três anos pela vitória do Corredor que mais admira.
E o povo não deixará de ter razão.

O Zé Azevedo, depois de duas tentativas para marcar alguma diferença, conseguiu ser hoje o segundo na etapa mas deixando a claro que não está suficientemente bem para ultrapassar o querer e a garra do Cândido.

Para o Benfica, para a LA-MSS-Maia seria penalizador deixar que as próximas duas etapas ficassem decididas por fugas, embora não se possa, eu sei, gastar forças que poderão ser necessárias nos últimos dois dias para anular fugas que não interferirão em nada com a classificação geral individual…

Mas soaria a falta de autoridade no pelotão.

Afinal de contas, e até agora, foi sempre a Liberty Seguros que teve o ónus de complementar a caça aos vários fugitivos do dia. Dia-após-dia.
Sinceramente, já não acredito na etapa da Torre.

Temo mesmo que, quase como ia acontecendo hoje – mais 500 metros e não digo nada – não se corra o risco de uma chegada discutida… ao sprint.
E fica a sobrar o contra-relógio de Viseu.

Exactamente a pensar nisso, não custa nada acreditar que as duas próximas jornadas sejam controladas de forma a que… Cândido Barbosa possa ainda ganhar alguns segundos nas bonificações.

Resumindo tudo a uma frase – e justificando o título destes dois artigos – sete etapas bonitas, que o foram, não fazem uma Volta bonita.

Ficará para a história, enquanto a memória dos homens o recordar, que quem tinha obrigação de fazer algo para a ganhar – Liberty Seguros à parte (seja qual for o resultado final) – ficou sentado, à espera de ver no que dava.

Mas a Volta a Portugal é uma corrida diferente de todas as outras. Tem mais uma semana que as voltas pequenas e menos uma semana que as Grandes Voltas… nem as coisas se decidem numa única etapa, nem há tempo para rectificar eventuais más opções…

Há quem chegou de novo – e manterá o benefício da dúvida – há quem já a tenha ganho nestes moldes e, por isso, seja mais difícil aceitar tanta hesitação. Porque não quero crer que se argumente com o factor… cansaço para se desculpar de uma derrota que está mais ou menos anunciada.

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