terça-feira, agosto 21, 2007

814.ª etapa


SE NÃO FORMOS NÓS, OS MEDIA,
A DEFENDER O NOSSO CICLISMO...
QUEM O FARÁ?

Em relação à segunda parte do artigo do Jorge…
Ah, pois é!
Já aqui o destaquei algumas vezes e até já assumi nas páginas do meu jornal que iria adaptar-me ao “método” espanhol.

Já cobri seis vueltas a Espanha. E sabem o que acontece? Se o vencedor da etapa for norueguês, francês, chinês, português ou seja lá de onde for… vai, por obrigação à Sala de Imprensa, mas tirando as duas perguntas regimentais (Como foi? Está satisfeito?), mais ninguém se interessa por ele.
E, mesmo que o primeiro espanhol na etapa tenha sido o 18.º, é ele o herói do dia.

Não estou a dizer que está bem ou mal. É um facto!

E, não há muitos dias ainda, li num outro espaço dedicado ao Ciclismo uma crítica violenta em relação aos media portugueses que o articulista não se absteve de etiquetar como… xenófoba.
Porquê?
Porque “fazia campanha” pelo Cândido Barbosa quando quem até quem ia sair de amarelo para o crono final era o Eládio Jimenez que – e verdade se diga – por acaso até foi praticamente ignorado.

E eu próprio já recebi aqui comentários criticando – porque eu andei lá e fiz isso, sim senhor, numa opção que tomei, com todos os riscos disso inerentes – toda a CS portuguesa por, em 2005, se ter mostrado pró-Cândido e contra o Vladimir Efimkin.

Deviam ver os jornais espanhóis!

Não estou nada arrependido de ter “feito campanha” pelo Cândido em 2005 e tenho a exacta noção da responsabilidade que TODA a CS portuguesa teve – TEMna reaproximação do público em relação ao Ciclismo.

É que em cada uma das etapas só estavam as pessoas das localidades por onde ela passava e, na chegada, de quem morava mais ou menos perto.

É que a televisão (e a rádio), mostrando e dando voz, é verdade, não deixam de ser meios perecíveis. O que quero dizer com isto? Que se vai esfumando a sua informação. Quem viu ou ouviu, viu ou ouviu… os outros ouviram dizer que tinha sido assim e assado.

Mas a Imprensa – e Imprensa são os Jornais em papel, os únicos em que a informação é impressa (dizer Imprensa escrita é uma redundância e chamar Imprensa à comunicação rádio ou televisiva uma tremenda baboseira!...) –, dizia, a Imprensa, sem nunca o ter reivindicado, foi a grande a responsável pela recuperação de adeptos para o Ciclismo, exactamente quando escrevemos grandes títulos a puxar pelo Cândido.

Pela minha parte, isso nunca foi uma opção inocente.

Sabia o que estava a fazer. Sabia que apresentando a Volta como uma “guerra” entre um corredor português e um estrangeiro – o que aprendi em Espanha – ia acicatar os indecisos e leva-los, fosse a ficar frente à televisão, fosse – os que geograficamente estavam mais próximos – positivamente invadissem os locais de partida e chegada.

Ou acham que foram as presenças do Zezinho Castelo Branco e outras figuras dessa – essa sim – mentira que é o jetset nacional?

Mas porque o leit motif desta crónica era a observação do Jorge em relação à informação nos jornais espanhóis… à terça ou quarta feira lá apanhava os resultados do campeonato português de futebol, num quadrinho pequenino onde NUNCA falha o Sporting de Lisboa, ou o Oporto.

Por cá… nós damos apresentações completas dos principais campeonatos europeus, com emblemas, quadro técnico… e até crónicas de ¾ de página de jogos… vistos na televisão!

E no Ciclismo também vamos pelo mesmo.

Se uma prova (em Espanha, por exemplo) dá na televisão… escrevemos uma página.
Se acontece na Malveira… ignoramos.
Infelizmente… é assim.
Mesmo sem ter responsabilidades nisso… peço desculpa aos leitores do meu jornal.
A BOLA!

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