quinta-feira, agosto 16, 2007

793.ª etapa


A LIBERTY SEGUROS FEZ
TODOS OS DIAS O QUE TINHA A FAZER

Em vez de, terminada a Volta, ficarmos, qual adeptos do futebol, a culpar o árbitro e, nos casos mais radicais, as competências dos treinadores, eu apelaria a quem, de facto sabe um pouco de Ciclismo para tentar explicar o quão nojenta é a pseudo-campanha anti-Américo Silva.
Sei que alguns são andadores de bicicletas, mas a verdade é que eu, enquanto peão, não salto para o eixo da avenida pretendendo controlar o trânsito.
E é injusto. Para além de uma baixeza que não merece o mínimo de respeito.

Mais… é para ser denunciada e, tanto quanto o possível, achincalhada.

Porque quem se julga com capacidades de achincalhar o trabalho de um homem honesto não merece mais do que ser arrastado na lama. Para sua própria vergonha.

Analisemos então a campanha da Liberty Seguros.

O Cândido, chefe-de-fila inquestionável, tinha de ser protegido.
E aqui o Américo perde pontos (mas continua a não merecer os comentários de qualquer arrivista) e, repito, perde pontos porque, depois de terminada a Volta vem dizer que o Guerra também era chefe-de-fila – e eu posso ser anjo, mas não sou deus! -, quer o Américo queira, quer não, enquanto o Cândido estiver na equipa… o chefe-de-fila é ele.
E não se admirem se ele não ficar na Liberty Seguros… eu não sei de nada!...
Mas já o imaginaram de laranja?

Ok… isto deixa perceber uma determinada fricção entre a direcção da equipa e o seu principal corredor mas, e cinjamo-nos aos factos, o Cândido acatou as indicações, pelo menos do médico da equipa, para uma preparação bem mais específica.
Foi evidente a perda de massa gorda e a inerente perda de massa muscular.

O Cândido esteve menos sprinter – apesar de tudo – e mais corredor de todo o terreno.

E justifica isto a sua ausência na discussão dos dois primeiros sprints da Volta. Aliás… e segundo a perspectiva do Organizador, as duas únicas chegadas ao sprint?
Justifica.

Primeiro, porque – e entramos, em definitivo, na análise à condução da equipa por parte do Américo Silva – o objectivo principal (na minha perspectiva, embora reconheça que terá sido condicionado pelo peso que o Cândido soube ter no seio da formação) da Liberty Seguros era levar o Cândido à Vitória final.
E hoje não tenho grande dúvidas de que todo o percurso foi detalhadamente estudado sob essa perspectiva.

Adivinhava-se – e não quero parecer um arauto que chega para contar o que já aconteceu em vez de, como é habitual, vir anunciar o que vai acontecer – que a DUJA-Tavira, fosse com o Garrido, fosse com o David Blanco, ganharia o Prólogo.
Caramba! Só quem não conhece as características dos corredores, potenciadas pelo facto de a Volta ter começado no Algarve, é que terá ficado surpreendido.

Ainda por cima porque as outras três equipas com potenciais candidatos não estariam nada interessadas a carregar com o ónus de controlar a corrida logo desde a primeira etapa.

Não aconteceu surpresa nenhuma em Portimão. Surpresa foi, isso sim, o facto de Martin Garrido ter segurado a camisola amarela no final da etapa de Santo Tirso!

Seguindo, etapa a etapa, a Liberty também foi apanhada de surpresa naquela manobra inesperada do Benfica, a caminho de Beja. E é uma das que, hoje lamentará não ter ajudado. Certo que o Cândido ficou no corte, mas foi dos primeiros a recolar.
E tinha companheiros suficientes para tocarem a corrida para a frente.

Sabem o que eu acho?
Para além de alguma lentidão em ler a corrida, o Américo Silva só estava preocupado com o Benfica, minimizando as opções do Manuel Zeferino.

Mas aquele corte – provavelmente ainda voltarei a falar nele muitas vezes – só foi compreendido por dois técnicos no pelotão. Pelo Orlando, que o autorizou, e pelo Manel Zeferino que já viveu demasiados momentos destes para poder ser apanhado com as calças na mão. Mas foi-o. Contudo, reagiu a tempo e a contento.
O Américo – tal como o Vidal Fitas – aqui perderam por inexperiência.

Recordo, na primeira fase, nem o Cândido nem o Tondo estavam no grupo da frente. Qualquer técnico com experiência nesta coisa estranha dos abanicos teria ordenado aos corredores que tinha na frente que fossem à morte.
Nada mais seria passível de preocupação do que deixar o Cândido e o Tondo para trás.

Mas não.
O Orlando viu-se no comando de uma corrida a mais de 70 quilómetros da meta e sem ajudas. Os estrangeiros – que não sabem muito bem como se corre por cá – esperaram e o primeiro a falhar foi o Vidal Fitas que, com o Garrido e o Blanco naquele grupo, só tinha que por toda a gente na frente com o Benfica.

Meio minuto, um minuto, minuto e meio… fosse o que fosse, sacudir dois dos principais candidatos ao triunfo final – naqueles curtos minutos, o Tondo e o Cândido – era assunto não passível de discussão.

Mas, primeiro, deixaram chegar o Cândido, e depois… depois ninguém acreditava mesmo que o Zeferino moldara o Tondo à imagem do percurso da Volta.
Nem o Vidal Fitas, nem o Américo Silva.

Terá sido o único erro do Américo em toda a corrida.
E se o Cândido não apareceu na molhada, nem em Beja, nem em Castelo Branco… não foi por mais do que para salvaguardar-se de eventuais acidentes.
Porque a primeira aposta da Liberty Seguros, para ganhar uma etapa – o Cândido precisava ganhar uma etapa, pelo menos, antes de chegar à tal subida “terrífica” do Monte Córdova – era, desde o início, em Gouveia.

Aqui introduzo outro aspecto.
Eu estou absolutamente convencido do que acabei de escrever. E haverá alguém que não concorde comigo? Há? Não há?
Eu acho que há. De facto.
Então expliquem-me lá uma coisa… se TODA A GENTE sabia, com antecedência, que a primeira grande aposta do Cândido seria ganhar em Gouveia… porque é que o deixaram ganhar?
Eu sei. Pareço que estou no papel do diabo. Não é essa a intenção.

Este artigo tem a ver com a qualidade da orientação da sua equipa por parte do Américo Silva.

Foi exemplar! E vão ter que inventar grandes e superlativos argumentos para o negarem. Refiro-me a quem percebe o mínimo de ciclismo para ser tido em conta. Não àqueles que escrevem para todos nos rirmos.
E a verdade é que a Liberty Seguros ganhou metade das etapas desta Volta.

E ninguém pode apontar um momento de fraqueza da equipa.
Ganhou – sempre com o Cândido – em Gouveia, Monte Córdova, Gondomar, Fafe e São João da Madeira… o Cândido, no final da etapa da Torre, a 9.ª, tinha bonificado em… sete. E a Liberty venceu ainda o crono final
Que raio queriam que um director-desportivo fizesse mais?
Aliás, eu li que o Américo esteve bem até à Torre e que deitara tudo a perder no crono final!!!

EXACTAMENTE a única espécie de etapas em que o DD não pode fazer mais do que… gritar pelo megafone.

Se aceitarem a minha opinião – ainda que modesta, mas sempre como especialista – o Américo não podia ter feito melhor.
Nem o Cândido.

Este saiu de amarelo para a etapa da Torre, não era à equipa dele que cabia atacar a etapa. Ainda assim, e logo após a passagem por Seia, quando se formou na frente um grupo de nove corredores, três eram da Liberty Seguros.

Com o Cândido iam o Guerra e o Nuno Ribeiro, o primeiro a descolar.
O Benfica, por exemplo, já tinha o Zé entregue a si próprio.
Que mais podia o Cândido fazer? Que mais podia o Américo fazer?

Ignoremos – fingidamente, porque aconteceu e a não podemos, de facto, ignorar –, ignoremos, dizia eu, a queda do Hector Guerra nos últimos 300 metros da chegada ao Monte Córdova.
O que é que o Américo mudaria na sua estratégia? NADA!
Nada, pois.

Então… se na estrada o que o povo pedia era o Cândido, que DD se arriscaria a jogar outro trunfo?
Se perdesse… era cruxificado.
Se ganhasse essa aposta… era queimado vivo porque roubara a vitória ao Cândido.

Resumindo: seriam, de todo, injustas as críticas ao Américo Silva. Seriam, se postas por pessoas que percebem o mínimo de Ciclismo.

Quando garotos, ou outros que já não andam de calções há muito mas se comportam como tal… esbarro naquele muro meio definido do que será, verdadeiramente, o direito à opinião.
É que jamais deixarei de defender que… quem não sabe do que está a falar devia permanecer calado.
Mas ainda insisto.

Li, não num blog, não num fórum, mas num jornal, que o Cândido perdeu a Volta no crono de Viseu.
Palermice.
Ignorância.
Tal como escrevi ontem, o Cândido ultrapassou largamente aquilo que tinha para dar na etapa da Torre.
E depois não houve tempo para recuperar.

Já agora, o Cândido não perdeu a Volta de 2005 no crono final, em Viseu.
Perdeu-a – tal como os outros candidatos anunciados – na 3.ª etapa, aquela que terminou no Fundão e foi ganha por Vladimir Efimkin.
O que o Cândido fez, foi recortar distâncias todos os dias.
Mesmo todos os dias…
Mas a Volta estava perdida.
Nem a perdeu o ano passado no crono entre Idanha e Castelo Branco.
Não cometam essa "injustiça" para com o Carlos Pinho que foi quem saiu de amarelo.

Sem comentários: