ORLANDO RODRIGUES EXPLICA ONDE E PORQUE
A COISA NÃO FUNCIONOU NA VOLTA
Novidade entre nós – algo que é corriqueiro lá por fora, nomeadamente em relação às equipas com maiores estruturas – o SL Benfica fez chegar à Imprensa uma entrevista com o Orlando Rodrigues, entrevista na qual o director-desportivo responde abertamente às questões que lhe foram colocadas.
Mas é um trabalho encomendado a uma empresa de comunicação.
Percebem?
Mas o trabalho está bom. Tendo em conta aquele particular.
Não sei se foi o Orlando que não aceitou fazer, à imprensa especializada, o balanço da Volta, ou se todos se esqueceram disso. E era justificável. Afinal de contas, descontando as normais declarações de interesse das outras principais equipas – e até de outras muito mais suspeitas – o Benfica sempre disse, desde que o projecto foi tornado público que só tinha um objectivo para esta temporada que marcou o regresso do ciclismo encarnado às estradas: Ganhar a Volta!
E não ganhou.
Terá sido o Benfica a rechaçar eventuais pedidos para uma entrevista ao Orlando? Sem que, e voltando ao princípio, estas iniciativas são banais em sociedades desportivas – como a Abarca Sports (Caisse d’Épargne) que todos os dias encontra motivo para distribuir comunicados e/ou entrevistas com corredores seus – veja nenhum mal nisso, fica a ideia de que… se não vieram fazer a vossa entrevista, tomem lá esta.
Institucionalizada, claro!
Mas o Orlando respondeu honestamente e as perguntas nem foram todas… politicamente correctas, como costuma acontecer neste género de trabalhos.
Por isso escrevi que o trabalho está bom. Lê-se. Lê-se e dão-nos até novas perspectivas sobre alguns assuntos batidos ao longo da temporada.
E o Orlando confirmou aquilo que eu já aqui escrevera. De facto, toda a estratégia benfiquista de ataque à vitória na Volta estava montada para a etapa da Torre. E aconteceu o que aconteceu. Primeiro, não fora só ele a pensar nesse dia como o Dia D, depois porque, e ele confessa-o, acabou surpreendido com a força demonstrada pela LA-MSS-Maia (ele não cita nomes de equipas).
Pondo isto em palavras minhas, ele, o rookie dos técnicos presentes, que até teve oportunidade de mostrar que sabe muito mais do que aquilo que dele pensavam – refiro-me à etapa de Beja, claro –, pensou em tudo menos nos muitos anos de experiência e qualidade nata de um estratega acima da média que é o Manuel Zeferino. Para quem, creio que não o escrevi na altura, o melhor cenário possível era exactamente o chegar-se àquela etapa com a Volta por decidir.
Novidade entre nós – algo que é corriqueiro lá por fora, nomeadamente em relação às equipas com maiores estruturas – o SL Benfica fez chegar à Imprensa uma entrevista com o Orlando Rodrigues, entrevista na qual o director-desportivo responde abertamente às questões que lhe foram colocadas.
Mas é um trabalho encomendado a uma empresa de comunicação.
Percebem?
Mas o trabalho está bom. Tendo em conta aquele particular.
Não sei se foi o Orlando que não aceitou fazer, à imprensa especializada, o balanço da Volta, ou se todos se esqueceram disso. E era justificável. Afinal de contas, descontando as normais declarações de interesse das outras principais equipas – e até de outras muito mais suspeitas – o Benfica sempre disse, desde que o projecto foi tornado público que só tinha um objectivo para esta temporada que marcou o regresso do ciclismo encarnado às estradas: Ganhar a Volta!
E não ganhou.
Terá sido o Benfica a rechaçar eventuais pedidos para uma entrevista ao Orlando? Sem que, e voltando ao princípio, estas iniciativas são banais em sociedades desportivas – como a Abarca Sports (Caisse d’Épargne) que todos os dias encontra motivo para distribuir comunicados e/ou entrevistas com corredores seus – veja nenhum mal nisso, fica a ideia de que… se não vieram fazer a vossa entrevista, tomem lá esta.
Institucionalizada, claro!
Mas o Orlando respondeu honestamente e as perguntas nem foram todas… politicamente correctas, como costuma acontecer neste género de trabalhos.
Por isso escrevi que o trabalho está bom. Lê-se. Lê-se e dão-nos até novas perspectivas sobre alguns assuntos batidos ao longo da temporada.
E o Orlando confirmou aquilo que eu já aqui escrevera. De facto, toda a estratégia benfiquista de ataque à vitória na Volta estava montada para a etapa da Torre. E aconteceu o que aconteceu. Primeiro, não fora só ele a pensar nesse dia como o Dia D, depois porque, e ele confessa-o, acabou surpreendido com a força demonstrada pela LA-MSS-Maia (ele não cita nomes de equipas).
Pondo isto em palavras minhas, ele, o rookie dos técnicos presentes, que até teve oportunidade de mostrar que sabe muito mais do que aquilo que dele pensavam – refiro-me à etapa de Beja, claro –, pensou em tudo menos nos muitos anos de experiência e qualidade nata de um estratega acima da média que é o Manuel Zeferino. Para quem, creio que não o escrevi na altura, o melhor cenário possível era exactamente o chegar-se àquela etapa com a Volta por decidir.
Seriam tantos gatos à mesma filhós que dificilmente esta escaparia ao mais esperto, no bom sentido, claro. E isso o Manel é.
Já são muitos anos nisto. E muitas corridas importantes, mais importantes que a Volta ainda, as que já conduziu. Sem perder de vista a Volta, o que é provado pelos números. Nos últimos sete anos ganhou quatro.
Mas estou a fugir ao tema central deste artigo…
A prova de que a entrevista, mesmo tendo sido feita por uma empresa de comunicação – acho eu, que nunca ouvira falar desta Media Monitor (se calhar até estou errado!) –, dizia, a prova de que a entrevista não foi de todo soft vem logo na segunda pergunta: porque foi escalado o Benitez?
Eu também já critiquei esta opção, mas não falei com o Orlando e aceito a explicação dada. As duas primeiras etapas eram-lhe propícias e o Benfica poderia ter vestido a Camisola Amarela em Beja se o valenciano não tem furado. Ainda por cima quando na frente a equipa tentava fazer uma gracinha… eliminar alguns adversários no primeiro dia. Teria sido genial… se tivesse funcionado. Mas não funcionou não por culpa do Benfica. Nisso estou de acordo.
Perdida essa oportunidade – porque, de facto ninguém sabia como o Benitez estava – na segunda etapa deu logo para perceber que isso de coleccionar triunfos ao longo da temporada e chegar fresco à Volta é um pouco um tiro no escuro. Apesar de pouco mais de 15 dias antes o sprinter encarnado ter ganho três das cinco etapas – todas, tirando o crono e a chegada em alto – no Troféu Joaquim Agostinho.
Critiquei a opção, mas também sou capaz de dizer que, provavelmente no lugar do Orlando teria feito a mesma coisa. Imagine-se: a primeira etapa tinha sido a habitual chapa 4 e o Benitez ganhava, vestindo de amarelo. Imagine-se a festa e, mais do que isso. Como, aliás aconteceu com o Martin Garrido, não era impossível levar a amarela até Gouveia… as coisas começavam a pesar psicologicamente para os adversários.
Foi nisso, aliás, que o Américo Silva jogou. Apostou nessa chegada a Gouveia, colocou o Cândido de amarelo e terá dito de si para si “nós já ganhámos uma e já estamos de amarelo… os outros ainda não mostraram nada!”. É lógico. E uma vantagem, em termos de estabilidade emocional muito importante.
Já na questão de se ao Zé Azevedo não terá faltado apoio da equipa na Torre, não concordo com a resposta. Dizer que na montanha são os mais fortes que fazem a corrida e é cada um por si… não é bem assim. Se o Zé tivesse tido um Cabreira… Não é? Pois é!
O resto da entrevista (duas páginas de jornal) mostra-nos o Orlando que sempre conheci. Ponderado, honesto…
Sem deixar de dar valor ao terceiro lugar final colectivo – a pergunta é que foi naïf – assume que para uma equipa com as ambições do Benfica isso “foi menos relevante”. Muito bem.
Depois o trabalho entra em decrescendo.
É evidente que um projecto pensado a cinco anos não vai por água abaixo – sobretudo depois de todo o esforço feito em infra estruturas – só porque não se atingiu o objectivo traçado no início do primeiro ano. Que nunca poderia ser mais do que isso: um objectivo.
E tentar falar de reforços em concreto, numa altura destas quando até nem se pode falar nisso (se os especialistas desconhecem os regulamentos não vou penalizar o entrevistador por este pequeno deslize), terá sido apenas um descargo de consciência. Bem, outra vez, esteve o Orlando ao citar os nomes de alguns jovens da equipa de sub-23 como prováveis reforços. Isso manter-lhes-á a motivação em alto.
E não evitei um esboço de sorriso quando o Orlando diz que o plantel era curto e que para o ano – até porque se perspectivam mais e mais exigentes compromissos – o ideal ter entre 16 e 18 corredores.
Eu escrevi, no balanço à Volta, que 17 é o número ideal de corredores para uma equipa que vai ter que se desdobrar por mais de uma vez.
Não estou a auto elogiar-me. Está escrito.
O trabalho termina com a análise, um a um, dos seus homens na Volta. Só não concordo quando o Orlando diz que o Pedro Lopes, naturalmente o lançador do Javier Benitez, ficou limitado quando a equipa abdicou, por opção, de discutir os sprints. O homem do Benfica que mais vezes vi nas fugas foi o Bruno Castanheira, ora, este devia ter sido um dos resguardados para a tal etapa da Torre e o papel de fugitivo não é de todo desconhecido do corredor algarvio.
Mas pronto. Sentado no sofá, e ainda por cima à posteriori, quem é que não tem agora tácticas milagrosas?
Um abraço para o Orlando que esteve igual a si próprio. Parabéns.
(E agora fica o Luís Almeida a pensar que terá de contratar os serviços de uma empresa de comunicação para que saibamos como é que o Manel Zeferino cozinhou toda a estratégia que se revelou vitoriosa…)
Já são muitos anos nisto. E muitas corridas importantes, mais importantes que a Volta ainda, as que já conduziu. Sem perder de vista a Volta, o que é provado pelos números. Nos últimos sete anos ganhou quatro.
Mas estou a fugir ao tema central deste artigo…
A prova de que a entrevista, mesmo tendo sido feita por uma empresa de comunicação – acho eu, que nunca ouvira falar desta Media Monitor (se calhar até estou errado!) –, dizia, a prova de que a entrevista não foi de todo soft vem logo na segunda pergunta: porque foi escalado o Benitez?
Eu também já critiquei esta opção, mas não falei com o Orlando e aceito a explicação dada. As duas primeiras etapas eram-lhe propícias e o Benfica poderia ter vestido a Camisola Amarela em Beja se o valenciano não tem furado. Ainda por cima quando na frente a equipa tentava fazer uma gracinha… eliminar alguns adversários no primeiro dia. Teria sido genial… se tivesse funcionado. Mas não funcionou não por culpa do Benfica. Nisso estou de acordo.
Perdida essa oportunidade – porque, de facto ninguém sabia como o Benitez estava – na segunda etapa deu logo para perceber que isso de coleccionar triunfos ao longo da temporada e chegar fresco à Volta é um pouco um tiro no escuro. Apesar de pouco mais de 15 dias antes o sprinter encarnado ter ganho três das cinco etapas – todas, tirando o crono e a chegada em alto – no Troféu Joaquim Agostinho.
Critiquei a opção, mas também sou capaz de dizer que, provavelmente no lugar do Orlando teria feito a mesma coisa. Imagine-se: a primeira etapa tinha sido a habitual chapa 4 e o Benitez ganhava, vestindo de amarelo. Imagine-se a festa e, mais do que isso. Como, aliás aconteceu com o Martin Garrido, não era impossível levar a amarela até Gouveia… as coisas começavam a pesar psicologicamente para os adversários.
Foi nisso, aliás, que o Américo Silva jogou. Apostou nessa chegada a Gouveia, colocou o Cândido de amarelo e terá dito de si para si “nós já ganhámos uma e já estamos de amarelo… os outros ainda não mostraram nada!”. É lógico. E uma vantagem, em termos de estabilidade emocional muito importante.
Já na questão de se ao Zé Azevedo não terá faltado apoio da equipa na Torre, não concordo com a resposta. Dizer que na montanha são os mais fortes que fazem a corrida e é cada um por si… não é bem assim. Se o Zé tivesse tido um Cabreira… Não é? Pois é!
O resto da entrevista (duas páginas de jornal) mostra-nos o Orlando que sempre conheci. Ponderado, honesto…
Sem deixar de dar valor ao terceiro lugar final colectivo – a pergunta é que foi naïf – assume que para uma equipa com as ambições do Benfica isso “foi menos relevante”. Muito bem.
Depois o trabalho entra em decrescendo.
É evidente que um projecto pensado a cinco anos não vai por água abaixo – sobretudo depois de todo o esforço feito em infra estruturas – só porque não se atingiu o objectivo traçado no início do primeiro ano. Que nunca poderia ser mais do que isso: um objectivo.
E tentar falar de reforços em concreto, numa altura destas quando até nem se pode falar nisso (se os especialistas desconhecem os regulamentos não vou penalizar o entrevistador por este pequeno deslize), terá sido apenas um descargo de consciência. Bem, outra vez, esteve o Orlando ao citar os nomes de alguns jovens da equipa de sub-23 como prováveis reforços. Isso manter-lhes-á a motivação em alto.
E não evitei um esboço de sorriso quando o Orlando diz que o plantel era curto e que para o ano – até porque se perspectivam mais e mais exigentes compromissos – o ideal ter entre 16 e 18 corredores.
Eu escrevi, no balanço à Volta, que 17 é o número ideal de corredores para uma equipa que vai ter que se desdobrar por mais de uma vez.
Não estou a auto elogiar-me. Está escrito.
O trabalho termina com a análise, um a um, dos seus homens na Volta. Só não concordo quando o Orlando diz que o Pedro Lopes, naturalmente o lançador do Javier Benitez, ficou limitado quando a equipa abdicou, por opção, de discutir os sprints. O homem do Benfica que mais vezes vi nas fugas foi o Bruno Castanheira, ora, este devia ter sido um dos resguardados para a tal etapa da Torre e o papel de fugitivo não é de todo desconhecido do corredor algarvio.
Mas pronto. Sentado no sofá, e ainda por cima à posteriori, quem é que não tem agora tácticas milagrosas?
Um abraço para o Orlando que esteve igual a si próprio. Parabéns.
(E agora fica o Luís Almeida a pensar que terá de contratar os serviços de uma empresa de comunicação para que saibamos como é que o Manel Zeferino cozinhou toda a estratégia que se revelou vitoriosa…)
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