quarta-feira, agosto 08, 2007

769.ª etapa


CÂNDIDO GANHA VANTAGEM

Cândido Barbosa vai lançado!
Duas vitórias em dois dias seguidos, aproveitando duas etapas em que as chegadas eram a subir. Aí está ele, cada vez mais completo, mas sem perder as características que fizeram dele um corredor ganhador.

Nenhum sprinter chegava com aquela frescura ao alto de uma contagem montanha de 2.ª categoria – francamente, não a achei assim tão, tão… especial –; nenhum trepador chegaria com tal capacidade de traduzir em watts-força cada uma das pedaladas.

O que tivemos então?
Aquilo que, acho, já vai fazendo escola e se chama, utilizando um novo termo no jargão ciclista: uma chegada à Cândido.

O Cândido evoluiu. O trabalho que a equipa lhe prepara – e do qual, obviamente, visa tirar dividendos – já tem isso em conta e… sendo verdade que aos 32 anos pode já não ter a explosão necessária para, num sprint duro e puro, bater outros mais jovens… dêem-lhe uma rampazinha e ele tem garantida a predominância nestas chegadas em grandes ou pequenos grupos.
E volto a referir, afinal, a grande chegada desta etapa não me convenceu.
Está ao nível de um Cabeço do Mouro, em Portalegre, e até mesmo de Montejunto.

Claro que três quartos do pelotão se atrasou. Mas esses que ficaram para trás ficariam sempre, mesmo que o desafio fosse apenas o de subir ao 4.º andar do Hotel… pelas escadas. A pé claro!

Pelo que deixo escrito, não tenho muito a acrescentar em relação à etapa de hoje. Aconteceu tudo dentro dos parâmetros habituais.
A tal… fuga do dia, depois as brigas, cá atrás, até que alguém assuma a perseguição, finalmente lá se encarreira tudo como boas formiguinhas que são e ficam para jogar os últimos 10 a 15 quilómetros. Hoje nem tanto…

A Liberty continua a escusar-se à primeira parte de desgaste, e percebe-se porquê!

Se tem um corredor que pode ganhar a etapa, não vai desgastar a equipa assumindo uma perseguição logo a partir dos 30 quilómetros. Aí outros terão de o fazer.

A DUJA-Tavira esteve bem nestes quatro dias. Vidal Fitas terá resistido a uma eventual vontade de se mostrar. E o motivo foi o mesmo. Se tem um homem para ganhar a corrida…

Ora, se a DUJA-Tavira não iria entrar nestas guerras, se a Liberty nunca será a primeira a lançar uma perseguição porque quer reter forças para o terço final de cada etapa… nesse espaço de tempo sobram Benfica e LA-MSS-Maia. Se conseguirem entender-se, ainda melhor.

Parece-me, sinceramente, que se tem vindo a jogar limpo nestas primeiras etapas da Volta. Não sei de alianças secretas mas tem funcionado esta espécie de… escalonamento prévio de quem é que, em primeiro lugar, há-de deitar mão à corrida.

Agora, e em minha opinião, o que é que a Liberty não perdeu hoje?
Não perdeu a tal liberdade que uma equipa com vontade de ganhar a Volta terá sempre que contar. Tal como seria previsível, lá por ter a Camisola Amarela – e é esse o trunfo de Américo Silva, já tem a Camisola Amarela! – não vai ter nada que controlar a corrida. Vai ter que controlar a mesma meia dúzia de Corredores candidatos ao triunfo final. Os mesmos que vêm desde Portimão.

A corrida, e porque não se pode deixar qualquer fuga ir além dos quatro, cinco minutos, vai continuar na mesma e as responsabilidades das formações rivais directas da de Américo Silva serão sempre obrigadas a trabalhar.

Seria, para além de ridículo, completamente inexplicável que Benfica ou LA-MSS-Maia deixassem de ter de vir à cabeça do pelotão quando a sua obrigação de ganhar a Volta ainda não foi aligeirada.

O que é que isto significa?

Que Américo Silva – leia-se Liberty Seguros – conseguiu chegar-se à frente, mas não vai ter de fazer amanhã, ou mesmo na etapa da Senhora da Graça, depois do dia de descanso, mais do que fez até aqui. Está tudo na mesma.

Sobra, portanto, trabalho para as formações de Orlando Rodrigues e Manuel Zeferino.
Se não fizerem a sua parte, vão acusar a Liberty Seguros de quê?
De não os ter rebocado em nome da defesa de uma Camisola Amarela?

O Américo Silva responderia sempre com um previsível… “nós ainda chegámos à amarela… eles nem isso!”

Portanto, e reitero a minha opinião de que esta chegada de hoje, apesar de todo o folclore levantado à sua volta, não é, não será nunca, uma chegada decisiva.

Chegou menos gente na frente do que em Gouveia?
Claro. Por isso esta subida era de 2.ª categoria e a de Gouveia apenas de 3.ª, mas o que toda a gente esperaria – conforme as preferências e em termos de cores – era que o lote de candidatos tivesse sido reduzido. E não o foi.

Está tudo na mesma, como estava à saída de Portimão.

A diferença é que um dos candidatos ao triunfo final, sai amanhã de amarelo.

Sem comentários: