quarta-feira, agosto 01, 2007

733.ª etapa


TINHA MESMO QUE ACONTECER...

Teria de acontecer e, na verdade, mais vale que o tenha sido agora.

Os verdadeiros amantes – que, felizmente, ainda são a esmagadora maioria – do Ciclismo, já andam em “pulgas” em relação à próxima edição da Volta a Portugal que começa daqui a… pouco mais de 48 horas.
Quem comprou os jornais quando da sua apresentação… já sabe o essencial;

os que o não fizeram devem andar à nora.

Tal como acontecera – de forma inovadora – o ano passado, A BOLA adapta a prática – não relativa às duas ligas profissionais, no futebol, mas muito semelhante ao que se faz ao futebol dito amador – do noticiário, curto mas objectivo e que eu creio ter sido um “achado”.
Como as críticas, as minhas críticas, sempre visaram o conteúdo e não o objecto... os "louvores" seguem a mesma política.

Quem pode... dá e tira... e eu acho que posso. Perdoem-me a imodéstia.

Mas esta iniciativa singular é, de certeza, para manter.

É evidente que qualquer dos três “desportivos” estará a preparar um trabalho especial que oferecerá aos seus leitores entre a próxima sexta-feira e sábado, o dia em que a prova sai para a estrada.
Contudo, e em espaço nobre, Record e O Jogo – embora usando um trabalho feito pela agência Lusa – não conseguiram fugir àquilo que eu próprio já aqui referira.

Confirmada a lista dos presentes… a primeira reacção seria esta.
Que tenha acontecido agora e que… não se volte ao assunto, é o meu desejo.

E fiquei feliz por A BOLA não ter ido atrás da corrente.

A Operação Puerto, em Espanha, aconteceu há mais de um ano.
Envolveu polícia, políticos, agentes do ciclismo… muita gente!

Tanta que chegou a pensar-se que, finalmente, estava aberta a “caixa de Pandorra”, mas ao contrário!... Não se libertavam todos os males, mas seria possível caminhar no sentido de limitar os males que fosse possível limitar e avançar, com um muito maior espaço de manobra, no sentido de se tentar o quase impossível: erradicar o doping do Ciclismo.

Nesta cruzada só entrarão os que, reflectindo sobre o passado, pensando duas vezes sobre o presente e mostrando abertura suficiente para que casos futuros sejam encarados de uma forma que convide – porque terá de ser assim… como “convidar”, no sentido de fazer ver, se necessário, um a um, a cada Corredor, que o recurso ao doping não é saída.

Numa sociedade que tende a ser cada vez mais flexível que, tal como diz um amigo meu, verdadeiramente escandalizado – e eu estou com ele! – faz os diabéticos COMPRAR as seringas que necessitam para administrarem a insulina, e as OFERECE aos toxicodependentes… alguém que tente explicar-me porque é que, um ano depois (mais do que isso), era NECESSÁRIO recordar – e o Record foi desumano, publicando nome a nome… – que houve um caso, isso é verdade e não pode ser escamoteável, mas caso que não produziu consequências? Chutando para o folclórico a notícia hoje dada à estampa.

Por alguma coisa – e não sou eu que o digo – já alguém apelidou este diário como o 24 Horas dos desporto…

Eu, desde que tenho vindo a tentar encontrar formas para que os Corredores não sejam tratados como… “lixo”, vi-me obrigado a queimar as pestanas lendo coisas que nunca pensara vir a ler. Coisas a ver com o Direito.

Não vou fazer mais publicidade à notícia que a LUSA pôs em linha à falta de vontade para falar do Ciclismo sob outra perspectiva, e que dois dos “desportivos” aproveitaram sem hesitar – escreveram o que pensam, mas sem correrem riscos, o ónus será sempre da Agência que pôs a notícia em linha - mas vejo-me obrigado a deixar uma pergunta no ar…
… e para o ano que vêm?

Voltamos ao mesmo take, alterando só a data?
E daqui a dois anos?... O que terá mudado?
O nome destes homens – que por acaso são Corredores – vai estar sempre, de uma forma ou outra, na lista do doutor Fuentes

Vai a LUSA, e depois os jornais que não têm a coragem de assumir a sua própria opinião, usar este texto pré-fabricado ao qual só é necessário alterar a data?

Aceito qualquer explicação… MENOS UMA!
NÃO QUERO CRER que esteja em preparação, mais ou menos disfarçadamente e muito menos por encomenda, uma campanha que vise alguns Corredores em particular de forma a escudar, quando, e se isso se justificasse, eventuais falhas daqueles que são os grandes candidatos portugueses.
E sei que estes estão de acordo comigo.

Eu acredito – e se me for bem explicado, talvez perceba, que não sou assim completamente burro – que certos nichos da sociedade, ligados ao Ciclismo, claro, até se achem com autoridade moral – que outra não têm – para irem, de quando em vez, alimentando as suas fogueirinhas como se fazia no tempo da Inquisição.

Não era preciso prova nenhuma.

Bastava uma denúncia. Fosse de que tipo fosse…
A Sociedade, felizmente, evoluiu e retirou a esse Torquemadazinhos a possibilidade de brincarem aos halloween de cada vez que a chata da vida do dia-a-dia turva um pouco a realidade e convida a festivais com muita cor e algum barulho.

O que eu não queria, mesmo… – não queria – era a franconização, no pior dos sentidos da palavra, da Volta a Portugal.

Tal como diz o director-técnico da Volta… a Organização não tem que assumir o papel de inquisidor.

Há regulamentos, esses regulamentos são perfeitamente executáveis, há quem tenha a responsabilidade de os executar e… se não o fez em relação a nenhum dos nomes – a sua publicação foi um acto vergonhoso… o que vem a seguir? Colam-lhes uma estrela amarela no peito? -, dizia, se não o fez… com certeza é porque não infringiram qualquer alínea dos regulamentos.

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