sexta-feira, agosto 03, 2007

739.ª etapa


QUERIA ESTAR AÍ CONVOSCO!...

Hoje é o Dia Zero da 69.ª Volta a Portugal.
Lá em baixo, em Portimão e arredores, adivinho a azáfama dos meus companheiros. Foi no Algarve que comecei. A minha primeira Volta, a 53.ª do historial da Prova Raínha do nosso Ciclismo.
Já o confessei várias vezes, não é exactamente uma inconfidência, fui a contra gosto.

Eu devia ter desconfiado quando o chefe, ainda n’A CAPITAL, me mandou fazer, primeiro uma corrida de jovens, júniores ou cadetes, já não me lembro. Depois o Troféu Joaquim Agostinho…
Mas eu tinha chegado há pouco à redacção. Não me passou pela cabeça que a Volta…

Foi um choque. Não estava, não estava mesmo preparado. Não conhecia ninguém. Menos de 15 dias antes, assim de repente, o chefe atirou: “Vais fazer a Volta!”. Foi em 1991.

Aterrei em Loulé, também aí no Algarve, sem saber ler nem escrever.
Nas pouco menos de duas semanas que tive para tentar preparar-me, aproveitava todas as horas mortas para me enfiar no arquivo do jornal e ler o mais que podia. Ver como os colegas que antes de mim tinham feito a Volta – o Cravo, acho… e o Ferro – tirava notas. Duas páginas. A etapa, as declarações dos heróis do dia, uma segunda peça de abertura, as classificações… uma coluna de breves. A etapa de amanhã… O problema era mesmo que eu não conhecia ninguém. Está bem, já fizera o Troféu Joaquim Agostinho… Ah!, se me tivesse passado pela cabeça que me ia calhar a Volta… Teria tentado aprofundar contactos… até com outros colegas.

Aqui valeu-me o Zé Rosa, o meu volante, que já ia na quarta ou quinta Volta consecutiva. Que conhecia toda a gente.

A corrida iniciou-se, tal como vai acontecer amanhã, com um prólogo, mas por equipas. Poucas hipóteses, para um principiante, para tentar fazer trabalho prévio…

Foi a primeira Volta a Portugal internacional… havia espanhóis, italianos… ao terceiro dia o camisola amarela era um espanhol e depois outro… Só problemas! É que de espanhol ou italiano não percebia nada... ou percebia, mas não era capaz de fazer perguntas!!!

No final das etapas, o Zé Rosa e o Carlos Alberto, o repórter fotográfico que me acompanhava, desapareciam. Apesar de A CAPITAL só sair para a rua na tarde… do dia seguinte à etapa, era preciso ir despachar os rolos com as fotos. Era assim.
E eu levava duas resmas de linguados, normalizados, com o logo do jornal e os tracejados que marcavam o número de batidas, mais outro com as folhas de títulos e… uma máquina de escrever. Verde.
Não me lembro se já havia alguém com portátil… Um ano ou dois depois a rapaziada do JN e d’O Jogo já tinham!

Foi há 16 anos. Por esta altura já íamos na 3.ª etapa, que o prólogo foi no dia 31 de Julho.
Ah!... Ganhou o Jorge Silva, da Sicasal, e a chegada foi na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

Depois… fiz a segunda, a terceira… a quinta… a décima… a 15.ª, sem interrupções. Até ao ano passado. E agora, outra vez, aqui estou… para ver pela televisão.

Queria estar aí convosco!

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