sexta-feira, agosto 03, 2007

741.ª etapa


A GENTE QUER... AGORA,
QUAL DOS SENHORES É QUE PAGA?!...

Sinceramente, não sei como é que ainda consigo cair nisto!…
São tantos, somados ao logo dos últimos 15 anos, os foguetes que, queimado o rastilho, não saíram da mão do fogueteiro de serviço, que me apetece esbofetear-me a mim mesmo por continuar a levantar a cabeça à espera de os ver ribombar.

Que nada!...
Falso rebate atrás de falso rebate!
Ideia peregrina.

Em Portugal foi a Associação de Equipas a anunciar controlos gerais, a toda a gente (claro!) na véspera da Volta. E avançou mesmo com uma caricatura de uma Carta de Ética, mais ou menos inspirada naquela que a UCI e o Tour de França levaram os Corredores a assinar.
Terão desistido? Não mais ouvi falar disso...

Mas nessa tal... "carta ética", havia um “pequenino” pormenor… por cá, a haver culpados só podiam ser os Corredores.

Reagiu, como lhe competia, a Associação Portuguesa de Corredores Profissionais e pronunciou-se contra. Não contra os controlos, antes pelo contrário. O Paulo Couto vem a defender até à exaustão (até mesmo) o aumento do número de controlos.

Reagiu a Organização. Não pediu nada, não acha que tenha que se imiscuir em cenas das quais, em definitivo não faz parte, por isso não paga.

Sobrava a FPC.
Mas sejamos sinceros! Depois de um trabalho, no que diz respeito à defesa da imagem do Ciclismo português em Aigle, e um trabalho que tem vindo a ser, a todos os níveis, notável; depois de ter conseguido a promoção da Volta à 2.ª categoria, no escalonamento das provas internacionais; depois de, há menos de um ano ter conseguido MAIS UM DIA para a Volta a Portugal… ainda queriam que o doutor Artur Lopes fosse “mendigar” – passe a expressão – um controlo geral a anteceder a Volta?
E isso, a pouco mais de um mês do seu início?
Eu sei que a maioria não sabe do que isso se trata.

A começar pelo presidente da Associação de Equipas.
(Há uma mania que a mim me custa muito a aceitar. E tem a ver com 99% dos agentes do Ciclismo em Portugal. Eu estive à partida de sete Voltas a Espanha. E NUNCA lá vi nenhum responsável português. Estava a equipa lusa que ia correr a prova e… os jornalistas. Em cinco destas quatro vezes, só estava eu e o Fernando Emílio!)

Nas Três Grandes, esse controlo geral é feito 48 horas antes do início da corrida; normalmente – e já em economia de esforços – são precisas cinco pessoas para fazerem o controlo sanguíneo.
Cinco pessoas… por cada uma das equipas!

Três paramédicos – vulgo, enfermeiros – que façam a recolha das amostras, um médico delegado pela UCI e um elemento administrativo, que preencha as folhas, que as recolha, que as faça depois coincidir com o código de cada uma das análises. Que NUNCA levam o nome do Corredor.

Seria preciso pagar duas viagens e uma noite de estadia a uma equipa de, pelo menos, 80 pessoas, já que se poderia até recorrer ao CNAD para dar uma ajuda mas este não tem mais de dez pessoas.

Ok… numa hora a mesma equipa – com deslocações e tudo – conseguia fazer os testes a duas formações. Baixemos o efectivo necessário para as 40 pessoas.
Mas, que é que paga isso?

A Associação de Equipas não se lembrou.

Melhor… não fazia a mínima ideia.
Juntou mais uma “medalha” de lata às muitas que foi conseguindo ao longo de todos estes anos em que fazia que existia mas não existia, existia mas não podia ser reconhecida porque nem estatutos tinha… simplificando: depois de tantos tiros nos pés, o melhor que fazia – agora que, finalmente, está legal – era mesmo ter ficado calada.
Mas o curioso é que leio declarações do seu presidente a espadeirar contra os moínhos do costume.

A verdade é esta:
A Volta arranca daqui a pouco mais de 15 horas, o CNAD – que também se pela para aparecer nem que seja só acenando a bandeirinha com o característico “mãe! ‘tou aqui” – até é possível que apareça amanhã pela fresquinha a fazer… 30, 40 recolhas no máximo (pode constituir duas equipas… e terão que aproveitar os hotéis que albergam mais do que uma formação para chegarem a este número).

O que é que pode vir a sair daqui?
Que, para ficarem de bem com deus e o diabo… se vejam “obrigados” a controlar Benfica, Maia, Liberty e Tavira.

E não fazem controlos a nenhuma estrangeira?

Talvez consigam esticar-se de forma a fazer ainda a uma ou mesmo a duas… Certo é que há quatro equipas portuguesas que quase de certeza podem dormir descansadas que a eles não chegam… e que, não se fazendo controlos a todas as estrangeiras, fica na manga, aguardando oportunidade para ser usada, uma carta que deveria não estar escondida na manga mas no baralho, como todas as outras.

E pode ser que eu esteja completamente enganado.
E pode ser que, à hora em que escrevo estas linhas já tenham aterrado em Faro as tais 40 pessoas da UCI para que haja, de facto, controlo a todas as equipas.

Se isto não acontecer… e olhando para o mapa da corrida, só quando esta estiver na zona do Porto – onde há um aeroporto – é que as eventuais equipas da UCI poderão chegar. Até lá… sobrará mais do que tempo para que o CNAD vista a sua bata branca e vá aparecendo, dia sim, dia não para controlar… as equipas portuguesas.
Que sobre as outras não tem jurisdição! Legalmente, claro.

Porque eu sei que o CNAD foi a Madrid, onde não tem jurisdição para actuar, fazer controlos a quatro corredores de uma equipa bem portuguesa. Algarvia, por acaso.

Mas há quem não dê ponto sem nó!...
Vamo-nos manter atentos para tentar perceber quem é, ou não, controlado... e quem se queixa, ou não, dos estrangeiros.
Às vezes, pensando enganar-nos, o gato esconde-se, mas deixa o rabito de fora.
É cá um palpite meu!

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