sexta-feira, agosto 17, 2007

797.ª etapa


FERCASE-ROTA DOS MÓVEIS
FOI A 5.ª EQUIPA DO PELOTÃO


Benfica, Maia, Liberty, Tavira…
Àparte estas quatro, qual foi a 5.ª equipa do pelotão?
A Cerâmica Panaria (italiana) que ganhou duas etapas ao sprint?
A Karpin-Galícia (espanhola) que venceu as duas etapas com verdadeira chegada em alto?

Não. A melhor das equipas, pelos resultados conseguidos à geral, e apesar de a concorrência ser de peso foi, sem dúvidas, a Fercase-Rota dos Móveis que viu consagrado o seu jovem corredor André Cardoso como Rei da Montanha.
Mas este título é bem merecido.
Já assisti, ao vivo, ou – por serem corridas no estrangeiro – apenas pela televisão, à consagração de Reis da Montanha que fizeram muito menos pela vida que este jovem de São Cosme.

Por exemplo e porque, apesar de tudo, mesmo os que de quando em vez aparecem a puxar dos seus galões de experts em Ciclismo provavelmente o não sabem, e se o sabem, calaram-no, o mega-trepador – com seis vitórias consecutivas, no que respeita ao Prémio da Montanha, no Tour, o gaulês Richard Virenque… nunca foi o primeiro numa verdadeira chegada em alto.
Limitou-se a somar pontos nas montanhas de 3.ª e 4.ª categorias.

Ok, não tem nada a ver com o André Cardoso. Mas a verdade é que, a partir do terceiro dia de prova o grande objectivo da Fercase foi mesmo o de levar o André a Rei da Montanha.

O Mário Rocha, que faz o favor de ser meu amigo, conduziu, etapa a etapa, a estratégia da equipa nesse sentido e conseguiu os seus objectivos.

Das equipas chamadas pequenas, foi aquela que mais alto subiu.
Mas este prémio conquistado pelo jovem André Cardoso – que, tendo como fiável aquilo que li nos jornais, me parece que foi um pouco… menos humilde (apesar de eu reconhecer que todos têm direito aos seus sonhos) – mereceu a camisola verde.

Porque saiu todos os dias na perseguição do seu objectivo. Porque sofreu. Porque fez das tripas coração… Nunca desistiu e, mesmo quando a decisão deste prémio coincidia com outros objectivos bem mais importantes… ele esteve lá. Se esteve, se pontuou, se chegou ao fim com mais pontos… é, merecidamente, um vencedor.

E, sem desprimor para – ai!, deixem-me recuar 15 anos –, por exemplo, o Tavira que chegou a ser dona da camisola das metas volantes (quando ainda havia camisola das metas volantes) por três anos consecutivos. isto de ser o Corredor que mais pontos consegue na classificação para o prémio da montanha… é um tudo nada diferente.

Todos sabem que é.
Parabéns, portanto, à Fercase-Rota dos Móveis.


Parabéns ao seu técnico, Mário Rocha (um caso àparte no nosso ciclismo; que é o patrão dos patrões na indústria dos móveis, na região de Paredes; que é vice-presidente de uma Câmara Municipal – a de Paredes, claro – e que ainda tem tempo, vontade e alma para dar ao Ciclismo).
Parabéns.
E parabéns ao André Cardoso.
Mas tem calma rapaz!

Daqui até ao Tour… ainda vais ter que subir muitas rampas.
Um abraço.

8 comentários:

Unknown disse...

[...] o gaulês Richard Virenque… nunca foi o primeiro numa verdadeira chegada em alto.
Limitou-se a somar pontos nas montanhas de 3.ª e 4.ª categorias. [...]

Isto é que é uma verdadeira barbaridade. Que eu saiba o Virenque ganhou no Mont Ventoux em 2002, por exemplo. E voltando mais atrás, ganhou em Luz-Ardiden em 1994, em Courchevel, em 1997...

Montanhas de 3.ª e 4.ª categoria, deixa-me rir mais um bocadinho.... Chegar a Morzine é chegar à Figueira da Foz, é isso?

O míudo tem valor, mas caramba...o Vireque (apesar de carregado de EPO) é uma figura do ciclismo... do passado, aquele da Ariostea, da Festina, da Gewiss...

Unknown disse...

Falaste no Virenque, mas podias ter falado noutros como Lucien van Impe, Charly Gaul, Bahamontes, Robert Millar, Laurent Fignon, por exemplo...

O Charly Gaul então é talvez um dos maiores mitos de sempre dos trepadores. O André Cardoso, pela postura atacante, faz lembrar Fignon.

mzmadeira disse...

Confesso-te uma coisa, António...
falei propositadamente no Virenque - porque tenho dezena e meia de outros exemplos (podia ter ficado por cá... em 2002 o Rei da Montanha, na Volta foi o... Gonçalo Amorim!) - mas, tendo em conta a tua posição em relação ao Ciclismo... (eu sabia que não resistirias!...), fui "desenterrar" o Virenque.
Sim, posso ser mesmo muito venenoso!

Explico: pensei que nem considerasses mais o Virenque como Corredor!!! (tão "mamado" que ele andou sempre, não é?!!!)

Mas ficou absolutamente claro que, por mais que o negues, as públicas virtudes ainda se sobrepõem aos vícios privados.

Anotei.

Desculpa lá se fui mauzinho...

E garanto-te, não sou eu quem está a precisar de um psicanalista!

mzmadeira disse...

Podia falar de TODOS os que tu conheces, e de mais alguns que não vêm nos livros nem encontras (ainda) na Wikipédia. Eu tenho 20 anos de estrada! Nunca te esqueças disso...

Unknown disse...

Eu ainda me lembro de ver correr o Fignon e o Lemond por exemplo... Agora, é evidente que me é impossível conhecer tudo em detalhe e ao vivo. E estudo e leio muito. E vejo etapas em vídeo dos anos 80, por exemplo... É por isso que tenho uma atitude crítica. A geração do Sr. Ferreti, de Cyrille Guimard, do pote belga (cocktail de anfetaminas) e das velhas guardas já não tem lugar no ciclismo. A era do doping sistemático e acrítico não pode continuar, a menos que se crie a tal NBA..., que é o mesmo que dizer legalize-se o doping. A história não é uma realidade estanque. Tu é que continuas preso a uma realidade que não foi mais que o modus vivendi de toda a comunidade ciclística durante muitos anos.

O ciclismo não se resume a 20 anos na estrada, nem a um punhado de amizades que se granjeeiam (com todo o respeito por elas)... Conheço muitas pessoas do ciclismo e elas sabem o que penso e nunca lhes menti. Nem elas a mim. Eu falo de doping de uma manera trocista e irónica, algo que já se faz em Espanha, em França, em Itália, etc... sem medos, sem lamentações. Dói-te ler piadas sobre o hematócrito? Piadas sobre as doses de EPO que algumas equipas administravem? Choca-te? Pergunto eu: sendo isso público, tem algum mal? Devias ler o livro "Positif" do Christophe Bassons, ou o "Massacre à la Chaine" do Bruno Roussel. Aí fala-se de doping sem subterfúgios. Para mim o doping é um tema fantástico para a comédia e como Moliere dizia: "Ridendo castigat mores". Levas muito (demasiado) a peito tudo aquilo que eu escrevo.

mzmadeira disse...

Não caro António.
Não levo, nem demasiado a peito as tuas insinuações, nem demasiado a sério a tua cruzada.

"É a brincar que se dizem as verdades" - a tradução real do teu "rindo castiga mais" (também tenho umas luzes de latim)... mas, sinceramente, eu - e todos os que andam no desporto por amos a ele - damos tanto valor a um livro escrit pelo senhor Bruno Roussel, como ao... "Eu, Carolina".

Arrependidos?
Vendedores com banca aberta que depois escrevem livros?
Vá lá, António... continuas a subestimar-me!

Unknown disse...

Comparar o "Positif" ao "Eu Carolina" é comparar o "Silêncio dos Inocentes" com "A Fúria das Laranjas"... São comparações absurdas.

mzmadeira disse...

Também há quem, 20 séculos depois, continue a negar que a biblia é o livro de ficção com maior sucesso... São pontos de vista.

Mas fica à vontade para listares aqui toda a bibliografia que leste. Ou ouviste falar.