sábado, agosto 04, 2007

747.ª etapa


MORREU O BRUNO SANTOS

Nunca estamos preparados para receber notícias destas. Há um par de meses avisou-me o Guita Júnior de que o Bruno estava com problemas de saúde. Internado mesmo, em Paris, a cidade que há muito escolhera para viver. Tentei ligar-lhe, mas nas duas ou três vezes que tentei não tive sorte. Não voltaremos a falar. Há instantes, a notícia, dura, como o são sempre estas notícias: o Bruno Santos faleceu em Paris.

“Conhecia” o Bruno há muitos anos já. Das suas reportagens em A BOLA. Depois, e nas últimas edições da Volta organizadas pela SportNotícias, pude finalmente conhecê-lo pessoalmente, acontecendo a aproximação final em 2000 quando já cobri a corrida pel’A BOLA. Era mais um dos grandes nomes que aprendera a admirar que passava a fazer parte da minha família, via-jornal.

Poucas, muito poucas semanas depois trabalhámos juntos pela primeira vez.

O Bruno e eu fizemos equipa na cobertura da Vuelta desse ano.

Claro que termos vivido 27 dias em permanência potenciou o cimentar de uma grande amizade que eu muito prezava.

E ia-mo-nos vendo, na redacção no Bairro Alto, de cada vez que ele cá vinha; e estive dois dias com ele em Paris quando, em 2004 fui, convidado pela Cofidis-Portugal, à apresentação daquela formação francesa.

Foi mesmo a minha primeira visita à Cidade-Luz e não podia ter tido melhor cicerone.

E falávamos muitas vezes. A última vez aconteceu o ano passado, pelo Natal.

Enviei-lhe uma mensagem de Boas Festas. Respondeu-me com um telefonema. “Não percebo nada disso de mensagens”, confessou, e confessou também que me ligara porque, apesar de tudo, não tinham sido assim tantos os amigos que se tinham lembrado dele.

Estava um pouco amargurado. Falámos durante alguns minutos. Eu já estava doente, falámos disso e ele deu-me força. Eu nem precisei de retribuir porque, para além da amargura que era notória, ao que eu sei, o Bruno ainda estaria de boa saúde. Pelo menos dentro do normal.

Há cerca de dois meses, então, a mensagem do Guita, a avisar-me que o nosso amigo estava doente. Hoje deixou-nos. Ficou por dar-lhe mais um abraço. Ficaram ainda muitas histórias e ainda mais estórias para contar. Para ele contar e eu a ouvir sem me cansar.

Partiu um bom amigo. O homem que, a par do Chico Araújo, sempre esteve ao lado de Joaquim Agostinho, quando o grande campeão correu em França, espalhando toda a sua classe. Mas também com Acácio da Silva, com o Orlando Rodrigues e com o Zé Azevedo.

Bruno, lamento tanto não ter voltado a tentar ligar-lhe...

Foi sempre passando. Lembrava-me que tinha que ligar-lhe, mas ia protelando e…
agora já não vou a tempo.

Onde quer que esteja amigo Bruno, um abraço grande e sentido.
Até um dia.

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